Diario de Roma – dia 2 (3) – Liliana Cá conquistou a medalha de bronze no lançamento do disco, nos Campeonatos Europeus de Atletismo que se estão a realizar em Roma (Itália), de 7 a 12 de junho. Irina Rodrigues ficou em quarto lugar.
Liliana Cá abriu com 61,42 metros e Irina fez um pouco melhor, 62,09, e ambas mostraram ao que iam. No resto do concurso, Liliana acertou um lançamento de 64,53 metros e começou a lutar pelas medalhas, embora fazendo nulo no terceiro ensaio.
Irina, que estava em boa posição, lançou a 60,78 metros e melhorou para 62,76. Ambas em lugar de finalistas, Liliana em segundo, Irina em quarto lugar. No quarto ensaio Liliana alcançou os 61,43 metros e Irina os 62,23. No quinto ensaio, as cinco primeiras fizeram nulo.
Tudo por decidir no sexto e último ensaio e Irina Rodrigues lançou sabendo que não perderia o quarto lugar e alcançou os 61,28 metros. O pódio estava decidido, mas a final dos 100 metros, apagando-se todas as luzes no estádio, atrasou as decisões.
Depois do apagão, a holandesa Jorinde Van Klinken, já medalhada no peso, ultrapassou Liliana Cá que estava na segunda posição. Na resposta a portuguesa alcançou os 63,06 metros e conquistou a medalha de bronze. Mais uma vez (pela sétima vez), Sandra Perkovic-Elkasevic sagrou-se campeã europeia.
O segredo deste resultado hoje, diz Liliana Cá, deve-se a “descontração e não querer pensar em medalhas, queria lançar o mais longe possível, pois sabia que tinha trabalhado para isso. Sentimos sempre alguma ansiedade, mas ficando nas três primeiras deixa-nos mais relaxadas e podemos reagir melhor”, disse a medalhada, que assume que “o lançamento dos 64 metros deixou-me muito confiante. Estava tão descontraída e mole que pensei não conseguir lançar”.
A viver o seu sonho, Liliana Cá, “ embora ainda me custe a acreditar”, vive momentos e sentimentos “que nunca senti. Desejo muito continuar neste sonho, tão bom” refere, recordando as finais em que ficou muito perto das medalhas, mas sem as conquistar.
As duas atletas na final é da maior felicidade para a atleta. “Nós somos muito amigas e damos muita força uma à outra. Quando estou só nas competições, sinto que sou eu contra o Mundo. Quando estou com ela já sei que somos duas contra o Mundo” afirma sempre com Irina a seu lado. Esta medalha a atleta dedica aos seus filhos.
Porém a época ainda não acabou. “Agora é continuar com o mesmo pensamento de sempre, alcançar as finais, depois lançar o mais longe possível para ficar nos melhores lugares. Tanto nas provas como nos Jogos Olímpicos “.
Para Irina Rodrigues, que ficou à beira do pódio, “a medalha de chocolate”, como lhe chama, “esta está a ser a minha melhor época de sempre. Estou muito feliz e devo isto ao meu treinador, à mudança para a ilha Terceira, aos meus colegas de trabalho ao Hospital Santo Espírito da Ilha Terceira”, refere a médica e atleta. Na prova de hoje, o primeiro lançamento acima de 62 metros deixou-a mais “descontraída e confiante. Queria ficar no top-8 europeu e ser quarta é maravilhoso ”, refere, adiantando que “duas portuguesas na final do disco e com tão bons resultados só “pode deixar orgulhosos os portugueses”.
Sobre o resto da época desvenda que o trabalho tem estado a ser feito, desejando “que se concretize num resultado de bom nível nos Jogos Olímpicos de Paris”.
A segunda jornada não começou nada bem para as cores portuguesas. Gerson Baldé, que na qualificação saltara 8m10 metros, assumindo um estatuto de candidato a finalista, não conseguiu um salto válido e terminou a sua presença em Roma sem o seu objetivo, ser um finalista (entre os oito primeiros) e lutar pelo pódio. E o primeiro salto não era nada mau, bem longo…
“Eu até estava a sentir-me bem, até menos nervoso do que pensava, mas o que tem o comprimento é isto, de acertarmos com a tábua. Senti essa dificuldade hoje, mas até estou satisfeito, porque os saltos foram bons. Apesar disso saio de cabeça levantada, com confiança no trabalho feito para futuras competições”, afirmou o atleta que espera conseguir qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris, onde espera encontrar “um ambiente destes, com o público a puxar por nós”.
Noutra das finais do dia, Francisco Belo terminou a do lançamento do peso no 10.º lugar, melhorando o 14.º posto alcançado em Berlim, em 2018.
Belo alcançou os 19,74 metros ao primeiro ensaio e não conseguiu melhorar (19,37m no segundo ensaio e nulo no terceiro).
“Este resultado soube a pouco. Quis fazer o meu melhor, já um pouco condicionado pelo facto de fazer duas provas seguidas em dois dias, devido às minhas condicionantes físicas. Foi mais difícil adaptar-me à prova de hoje, mas estou satisfeito por estar aqui nesta final, especialmente quando o peso está a atingir um enorme nível, com o vencedor a bater o recorde da Europa. Melhorei em relação à minha anterior prestação e agora quero continuar a trabalhar, fazer menos quantidade e mais qualidade, porque temos um período grande de provas e o objetivo é, claro, os Jogos Olímpicos.
Outro português, Carlos Nascimento, correu a meia-final e terminou em sétimo lugar com marca de 10,42 segundos, não seguindo em frente.
Fotos FPA /Sportmedia