Diário de Paris – Salomé Afonso abriu a prestação portuguesa com um recorde pessoal e um apuramento para as meias-finais dos 1500 metros nos Jogos Olímpicos de Paris’2024. Sem progredir ficaram os outros portugueses.
Perante um estádio lotado, a portuguesa meio-fundista, entrou determinada e esteve sempre dentro da corrida e nos último 20 metros, quando se fez a diferença, ela estava bem dentro da qualificação e fechou no quinto lugar, em 4m04s42”, um recorde pessoal e as meias-finais ‘no bolso’.
“Estou extremamente feliz”, atirou a atleta logo após a prova. “Entrei aqui com uma das piores marcas da lista, e de certa maneira na última semana, cada vez mais tive esta mentalidade de estou aqui porque conquistei este lugar e vou daqui com uma das melhores sensações, desfrutar, viver este Estádio e este ambiente, que em Tóquio não havia público, e foi essa a minha sensação toda na prova, vou arriscar, vou aqui, eu posso, eu consigo, sou capaz”, afirmou.
E, finalmente, Salomé baixou dos 4m06s, aquela marca que apelidou de ‘maldição’. “Eu estou farta de brincar, que desta vez não foi 4.06, mas 4.04, senão teria de continuar o discurso de que vou baixar na próxima, e depois não baixava e era uma desgraça. Mas agora a ‘maldição’ passou e sinto que a 4.04 durará pouco tempo, talvez já nas meias-finais. É para isso que aqui estamos, para desfrutar e tirar o melhor de nós”, concluiu
Na qualificação do lançamento do dardo, Leandro Ramos abriu com 75,73 metros, fez depois dois nulos e ficou longe da qualificação para a final.
“Não foi o dia, estou bem, sinto-me bem, não percebo o que aconteceu, pressão não foi, ansiedade também não. O mais importante é os portugueses perceberem que sou o único a abrir o caminho, fui o primeiro em campeonatos europeus, mundiais e olímpicos [no lançamento do dardo], há que respeitar isso, e sentir que eu e o meu treinador, Carlos Tribuna, estamos a abrir o caminho para as medalhas, isso é o mais importante”, afirmou, concluindo que “se isto correu assim foi porque deus quis e é sinal de que coisas melhores estão para vir”.
Pouco depois, foi tempo de Cátia Azevedo correr na repescagem onde foi quinta classificada na sua série com 52,03 segundos, a sua melhor marca da temporada, mas insuficiente para chegar às meias-finais.
No final, Cátia Azevedo faz um “balanço positivo “, da sua prestação olímpica. “Poderia ser melhor em termos de resultado, não se traduziu na pista o que realmente estou a valer e mereço. Mas o meu balanço não é só na pista, cresci muito como atleta e pessoa, e hoje, particularmente, porque tive que me superar para entrar de novo nesta pista”, referiu a atleta, que enfrentou, antes, uma lesão que a condicionou. “Entre abril e maio tive uma rotura num gémeo. Isso abalou-me menos fisicamente que a nível psicológico, pois a minha confiança vem da competição e essa lesão fez-me competir menos do que seria desejável. É verdade que consegui o meu melhor resultado do ano, mas eu sei que estou a valer o recorde nacional”, afirmou a atleta.
Ao mesmo tempo, decorria a qualificação do salto em comprimento, onde Agate Sousa tentava o acesso à final olímpica. Com um ensaio nulo a abrir, a medalhada de bronze nos europeus de Roma, há um mês, saltou depois 6,34 metros e fechou a 6,27 metros. Longe da qualificação direta (6,75), que as outras duas medalhadas europeias conseguiram, também sem fazer parte das 12 primeiras.
No final, Agate Sousa desvendou que “há um mês atrás eu diria que esperava passar à final, no primeiro salto. Entretanto, há cinco dias senti um toque no posterior, tivemos uns dias a correr contra o tempo, médicos e fisioterapeutas à volta. No dia antes da viagem fiz uma ressonância e aqui voltei a fazer outra, reparámos que ainda estava ali um toque, mas na minha mente eu dizia a mim mesma que estou bem, estou bem e vim até ao final. Mas 6,34 metros, nem sei se é engraçado, mas é uma marca que eu faço sem esforço”, referiu ficando visivelmente emocionada e sem palavras.
“No segundo salto eu tentei, senti um toque mais forte, mas disse para mim mesma vai, Agate vai. Mas foi muito difícil. Estou muito triste, mas se tivesse feito 6,70 m e não passasse à final estaria mais triste, tenho a certeza que poderia fazer muito melhor. O ano todo foi a gerir. A medalha nos Europeus foi surpresa, de igual modo seria passar à final. Tem sido um ano difícil”, concluiu sem acrescentar mais, com a emoção.
Fatoumata Diallo nas meias-finais dos 400 m barreiras
Será às 20h17 (menos uma hora em Lisboa) que Fatoumata Diallo terá pela frente o maior desafio em Paris, as meias-finais dos 400 m barreiras.
Para a recordista nacional, o objetivo passa por ser uma das duas melhores da série ou ser uma das duas mais rápidas seguintes.
Fotos FPA / Sportmedia
Foto de destaque: Francisco Paraíso / COP