Terminaram os Campeonatos Europeus de Corta-mato em Antalya (Turquia), com as duas melhores prestações individuais portuguesas dos últimos 10 anos. Nas provas mais longas, Mariana Machado foi sexta classificada e Miguel Moreira foi 13.º.
A melhor prestação individual portuguesa foi a de Mariana Machado, que terminou a prova no sexto lugar (26.13), numa corrida em que a italiana Nadia Battocletti dominou, terminando isolada (25.43). Quanto a Mariana Machado, “estreante” na prova sénior, conseguiu o melhor resultado de uma atleta portuguesa desde 2013, quando Dulce Félix foi ao pódio. Foi uma corrida em que a portuguesa andou num grupo da frente, conseguiu estar sempre no ritmo para fechar então no top-6.
No final, a atleta afirmou que “foi uma prova dura. Num percurso que parece mais fácil mas tem muitas quebras de ritmo, Da minha parte lutei até ao fim, tentei manter-me num grupo que estava na luta, quinda tinha algumas forças que usei para ultrapassar duas atletas na reta da meta, e estou satisfeita com a minha estreia e com a minha equipa que tenho a certeza que a nossa equipa deu o seu melhor ao longo destas cinco duras voltas, por isso estou muito orgulhosa, isto é apenas um recomeço e estamos a trabalhar para conseguir melhores resultados no futuro”.
Depois de Mariana Machado, Laura Taborda foi a melhor portuguesa, no 34º lugar (27.07), enquanto Marta Pen Freitas chegou em 50.º lugar (27.41), mostrando o porquê da sua convocatória. Com ela Portugal fechou a classificação coletiva no 9.º lugar, com 90 pontos.
Mais para trás, ficaram as outras três portuguesas, com Vanessa Carvalho no 55.º lugar (27.49), Neide Dias em 58.º (24.16) e Solange Jesus em 69.º (28.28).
Miguel Moreira em destaque
A prova mais longa masculina conheceu movimentações interessantes, mas o grande favorito, Jacob Ingebrigtsen, confirmou o seu estatuto, destacando-se no final, cortando a meta em 22m16s.
Com uma prova muito conseguida, Miguel Moreira não se deixou ludibriar e foi-se mantendo numa posição confortável, para terminar em 13.º lugar (22.51), a melhor classificação de um atleta português desde 2010.
Ainda contaram para a equipa os atletas André Pereira (43.º em 23.31) e Etson Barros (55.º, em 23.56). Estes três elementos deixaram a equipa no 10.⁰ lugar, com 115 pontos.
O primeiro a não pontuar foi João Pereira, vítima de duas quedas, com esfoladelas e hematomas, ainda assim fechando em 62.⁰ (24.02). Depois dele os outros portugueses: Nuno Pereira (68.⁰, com 24.16) e Ruben Amaral (70.⁰, com 24.24).
“Foi uma prestação honrosa, o circuito parece mais fácil do que é. A comparar com ontem havia dificuldades que não estávamos a prever, mas é normal, porque correram muitas pessoas antes e também houve chuva na noite anterior. Foi muito disputada, não havia espaços vazios, era um comboio enorme, um ritmo arrasador desde o início, com aquela reta enorme a princípio, e os nossos adversários levaram-nos até ao nosso limite”, falou Miguel Moreira.
Ainda a falar pela equipa, Nuno Pereira refere que a “equipa deu tudo o que tinha a dar e tenho a certeza de que todos nós deixámos tudo aqui”.
Estafeta Mista no top-10
Fantástico foi o final da estafeta mista, decidido no sprint final, com as três primeiras formações, Itália, França e Grã-Bretanha a terminarem todas com o mesmo tempo: 18m02s. Quanto à formação portuguesa, que correu com muita determinação, terminou em 9.º lugar. O quarteto composto por José Carlos Pinto, Patrícia Silva, Marta Castro e Rodrigo Lima cortou a meta em 19m04s.
No final, Patrícia Silva demonstrava o sentimento da equipa. “Estou muito feliz por representar Portugal mais uma vez, acho que trouxemos uma equipa muito capaz, para representar o nosso país da melhor forma. O circuito é durissimo, muita lama, areia, desníveis. Nós somos quatro atletas de pista, mas viemos cá dar o nosso melhor, num percurso que não favorece nenhum de nós. Quero dar os parabéns ao Rodrigo Lima, que fez um percurso excelente, recuperando muito, e obrigado Portugal por nos trazerem cá. Estamos sempre disponíveis para representar o nosso país”.
O coletivo dos sub-23 masculinos funcionou melhor
A prova masculina de sub-23 proporcionou outro grande despique emocionante, com tudo a decidir-se na reta final, onde Will Barnicoat se impôs, cortando a meta em 18.27, um segundo menos que os adversários. Entre os portugueses, grande prova de João Amaro, que até poderia ter conhecido melhor desfecho, já que o português acusou um pouco com andamento na terceira volta, “dor de burro”, afirmou, mas consegui recuperar até terminar em 21º lugar (19.04), ultrapassando mesmo Duarte Santos (22º, 19.05), que vinha fazendo uma boa prova. Faltou uma melhor finalização de João Pais (42.º, 19.23), para Portugal terminar uns lugares mais acima. Ainda assim a seleção fechou no oitavo lugar, com 85 pontos (mais cinco pontos que o sexto lugar).
Os jovens Leandro Monteiro (51.º, 19.44) e Ruben Pires (57.º, 19.52) fecharam a prestação portuguesa.
No final, João Amaro deu conta do sentimento coletivo, partindo da sua experiência pessoal. “Decidi partir com mais cautela, mas a prova foi muito rápida. Tentei resguardar-me um pouco, mantendo o lugar, recuperar alguma energia e na última volta consegui voltar a correr melhor, recuperei alguns lugares, num percurso muito difícil. Gostaríamos de ficar melhor classificados, como sempre, mas sentimos que demos o nosso melhor”, afirmou.
Sub-23 femininos no 13º lugar
Na continuidade das corridas longas, na prova feminina de sub-23, grande domínio da britânica Phoebe Anderson, que triunfou, isolada, em 21m16s. Mais para trás, as portuguesas vinham algo espaçadas, com Petra Santos a conseguir ser a melhor, terminando na 41.ª posição, em 22m49s). Depois dela chegaram Rita Figueiredo (49.ª, 22.58) e a estreante Beatriz Rios (56.ª, 23.13). Foram elas a pontuar para a equipa, que foi 13.ª, com 146 pontos. Para além das pontuáveis, registe-se as prestações de Alexandra Canedo (68.ª, com 24.12), Diana Fernandes (70.ª, 25.02) e Ana Silva (71.ª, 25.08).
Para Petra Santos, a melhor portuguesa e estreante na prova, esta foi “uma boa experiência, principalmente porque é a primeira vez que Portugal leva equipas completas ao Europeu, uma prática muito boa para motivar os atletas portugueses a treinar mais, para que os motive para os próximos anos, onde esperamos estar ainda melhor e levar Portugal a um lugar ainda mais alto”, referiu a atleta, que também abordou o tema do percurso, afirmando que “este era exigente, tinha as suas particularidades, que até acho que foram positivas. Foi uma boa aprendizagem para todas nós”.
A madeirense Solange Nunes a dar o mote
A corrida feminina de sub-20 era a primeira do programa. Para ajudar o publico, uma atleta turca andou na frente durante parte da primeira volta, mas em breve as britânicas vieram para a liderança e assim se mantiveram até ao final, com Innes Fitzgerald a triunfar isolada, em 15m47s. Quanto às atletas portuguesas, a madeirense Solange Nunes, estreante nestas competições, acabou por ser a nossa melhor representante, terminando em 48.º lugar (17.28), subindo vários lugares volta a volta, ultrapassando mesmo Lara Costa (terminou depois em 56.º lugar, com 17.37) e Stela Fernandes (não terminou a prova), que eram as melhores portuguesas nas primeiras voltas. Muito bem esteve a mais jovem do grupo, a ainda sub-18 Cátia Khvas, que foi 64.ª (17.49). As três colocaram Portugal no 13.º lugar, com 168 pontos. Fora da pontuação coletiva, Carlota Almeida terminou em 79.º (18.15), enquanto Beatriz Azevedo foi 81.ª (18.18).
No final da prova, Solange Nunes disse que a prova “correu bem, tentei partir bem e não ficar muito para trás, ao longo da prova fui pensando no que nos disseram, que cada posição conta e foi difícil o percurso, mas gostei”. A “benjamim” do grupo Cátia Khvas, considerou que a sua “partida foi difícil, tentei depois melhorar ao longo da prova e estou satisfeita”.
André Barbosa mostra como aprender lições
A corrida masculina em sub-20 foi diferente da feminina, com muitos atletas na frente e chegada ao “sprint” do claramente favorito, o neerlandês Niels Laros (14m07s).
Quanto aos portugueses, praticamente em grupo compacto, foram alternando as suas posições, com André Barbosa a conseguir ser o melhor, cortando a meta em 42.º lugar, com o tempo de 14m45s, “vingando” a desistência do ano passado. Dois lugares depois, chegou Alexandre Lucas (14.46) e pouco depois Tiago Jorge (46º em 14.48), com ambos a fecharem as contas da equipa, 13ª com 132 pontos. Fora da pontuação coletiva, chegaram o campeão nacional, Manuel Dos Santos (55.º, 14.56), Pedro Rodrigues (57.º, 14.58) e Rui Mineiro (67.º, 15.09).
André Barbosa, o melhor atleta, atesta que o percurso “que parecia fácil, afinal não o era tanto, foi uma noite muito chuvosa e a trovejar, deixou o percurso mais pesado. Mas os portugueses estão habituados a dificuldades e acabaram por fazer o seu melhor”, referiu dando depois conta de que estava contente com a sua prestação, “foi fruto de muito trabalho com o meu treinador, colegas e amigos, que me ajudaram a ultrapassar uma fase menos boa. Tenho que parabenizar os meus colegas que foram incríveis”.
Resultados oficiais na página da European Athletics (https://live.european-athletics.com/EXC2024/lrs/home)
Fotos FPA / Sportmedia
(em atualização)