Os Campeonatos Nacionais de Clubes têm o seu ponto máximo neste fim-de-semana, com a realização das três finais das três divisões que constituem a estrutura da competição de clubes. Em Viseu, no Estádio do Fontelo, realizam-se as finais da I e da II divisões. A pista de Abrantes recebe a final da III divisão. As finais de Viseu terão transmissão via streaming, com a primeira divisão a ter transmissão em A Bola Tv e também Sporting TV. As finais de clubes são organizadas pela Federação Portuguesa de Atletismo com o apoio das Associação de Atletismo de Viseu e de Santarém e das Câmara Municipais de Viseu e Abrantes.
Neste ano de 2024, a luta pelos títulos nacionais da I divisão promete ser emocionante. Em masculinos, um Sporting reforçado tentará terminar a hegemonia do Benfica, que venceu as últimas 13 edições dos campeonatos. Face aos argumentos de cada clube, o terceiro lugar do pódio será alvo de acesa disputa. Na primeira linha teremos a equipa madeirense do Jardim da Serra, terceira classificada em 2023, do Juventude Vidigalense, sete vezes terceiro, última das quais em 2017, e o Sporting de Braga, terceiro classificado de 2018 a 2022. As formações do Maia AC (5º em 2023), GD Estreito (6º em 2023) e Água de Pena (8º em 2023), fecham o grupo de finalistas.
Em femininos as “leoas” têm 28 títulos conquistados nas últimas 29 edições da I divisão. Apenas lhes fugiu o título de 2010 para o FC Porto, depois de uma série de 15 títulos consecutivos, e agora já vão em 13. Ausente nos dois últimos anos, o regressado Benfica apresenta este ano alguns argumentos que permitem pensar numa ameaça à hegemonia leonina, depois de nove segundos lugares nos últimos 13 anos.
O terceiro lugar do pódio também está muito aberto. Juventude Vidigalense, vice-campeão em 2022 e 2023 está entre os principais candidatos, a par de Jardim da Serra (3.º em 2021) e Sporting de Braga (3º em 2022). Depois, há ainda que contar com as equipas do Estreito, Marítimo e Água de Pena.
Nesta edição da final de clubes da I divisão já se aplica o novo regulamento, que dita a despromoção à II divisão das equipas classificadas nos dois últimos lugares da classificação final, o que trará maior competitividade na luta pela manutenção no escalão maior.
A I divisão masculina tem o início das provas às 17h35, no sábado, com a última prova a iniciar-se às 20h42, enquanto no domingo as provas se desenrolarão entre as 15h40 e as 18h30.
Estas provas têm transmissão via streaming (canal Youtube da FPA), em A Bola TV (visível em três operadoras de TV em Portugal: na Meo (posição 34), na Vodafone (posição 31) e na Nowo (posição 60), e também na Sporting TV (em todas as operadoras).
Para informações (regulamento, programa-horário e histórico de resultados) pode consultar a página oficial da FPA.
Todos os resultados (em direto) estarão disponíveis no FPA Competições.
Segunda divisão também em Viseu
Antes das decisões do escalão principal, a II divisão promete também acentuada luta, porque, como dissemos acima, já se aplica o novo regulamento e, neste caso, as duas primeiras equipas garantem acesso à final da I divisão na edição de 2025, enquanto as duas últimas classificadas serão despromovidas à terceira divisão.
Em Viseu, este fim-de-semana, estarão na luta pela subida as equipas do CA Seia, vice-campeã nacional da segunda divisão em 2023, o Póvoa de Varzim, terceiro classificado no ano passado, e o Campismo S. João da Madeira (quarto em 2023). Contudo, a equipa do Eirense (vice-campeã da III divisão em 2023) conseguiu um bom apuramento e pode estar nesta luta, sem nos esquecermos que o Grecas (campeão em 2021, sexto no ano passado) e Sobral de Ceira (5º em 2023) também têm legítimas aspirações, tais como o Marinha Grande (oitavo no ano passado) e o estreante Clube Pedro Pessoa (grande subida, depois de ter sido sétimo classificado na terceira divisão na sua estreia em finais de clubes).
Em femininos, o Maia AC, que está agora na segunda divisão depois de ter subido ao pódio (3º) na primeira divisão no ano passado, e o Eirense, sexto na primeira divisão em 2023, e grecas, sétimo na I divisão em 2023, são legítimos candidatos a regressar ao escalão mais alto, mas esse espírito existe também no AC Póvoa de Varzim, campeão da segunda divisão em 2023. Depois é toda uma luta pela subida e manutenção das equipas do Oliveira do Douro (4º em 2023), Fundação Salesianos (5º em 2023) e Arneirense (4º na terceira divisão em 2023), sem esquecer a “regressada” equipa da JOMA, que já se sagrou oito vezes vice-campeã nacional da primeira divisão e campeã da segunda em 2021.
As provas da segunda divisão terão o seu início às 13h55 de sábado (até às 18 horas) e às 12 horas de domingos (até 15 horas).
Estas provas têm transmissão via streaming (canal Youtube da FPA).
Para informações (regulamento, programa-horário e histórico de resultados) pode consultar a página oficial da FPA.
Todos os resultados (em direto) estarão disponíveis no FPA Competições.
A luta pela subida na terceira divisão
Na terceira divisão, que decorrerá na pista de Abrantes, a luta passa pela subida à segunda divisão (os dois primeiros classificados), já que em 2025 a participação na terceira divisão é garantida ao sétimo e oitavo classificados da segunda divisão deste ano e os seis primeiros classificados numa ronda de apuramento para a terceira divisão.
Entre os candidatos ao triunfo estão as equipas dos Açores, o CIA Ilha Azul e o Juventude Ilha Verde, campeões nacionais da III divisão, no ano passado, em masculinos e femininos, respetivamente. Depois, em masculinos, há equipas com tradição nas competições de clubes, como o NA Cucujães, com múltiplas presenças na I divisão e que agora regressa às finais de clubes após três anos de ausência; o Srª do Desterro, campeã da segunda em 2014 e da terceira em 2019; o Areias de S. João, terceiro em 2023; o Mazarefes, vice-campeão em 2020; Gira Sol, campeã da terceira em 2021 e da segunda em 2016; o Ilha Verde, campeã da terceira em 2016 e 2017; e, finalmente, o histórico Belenenses.
Em femininos, para além do campeão de 2023, Ilha Verde, teremos de contar com o Clube Pedro Pessoa (sexto na segunda em 2023) e EA Trofa (8º na segunda em 2023) e o Areias de S. João (terceiro em 2023 na terceira divisão). A incógnita da subida será colocada pelas restantes quatro equipas participantes: o Mazarefes, que regressa às finais de clubes após três anos de ausência, o CA Marinha Grande, quinto classificado no ano passado, a Ac. Bela Vista, que apenas regista uma passagem (8º) na final da terceira divisão em 2018 e o Centro de Atletismo do Porto, que regressa a uma final de clubes após a sua última presença na primeira divisão, em 1993 (quarto classificado).
Em Abrantes, as provas da terceira divisão terão o seu início às 16 horas de sábado e às 9h45 de domingo. Informações (regulamento, programa-horário e histórico de resultados) pode consultar a página oficial da FPA.
Todos os resultados (em direto) estarão disponíveis no FPA Competições.
Um longo historial
A competição interclubista tem o seu expoente máximo nas finais dos Campeonatos Nacionais de Clubes, que em Portugal conheceram já várias formas de disputa. Numa primeira fase, o campeão nacional coletivo era apurado através da pontuação dos Campeonatos de Portugal, o que sucedeu entre 1939 (a primeira vez que a classificação coletiva foi oficializada) e 1965. A partir daqui as competições separaram-se e a competição coletiva ganhou estatuto próprio. Até mesmo as provas masculinas e femininas se realizavam em datas e locais diferentes.
Passando por vários modelos, de apenas dois clubes, com três atletas por prova, depois a três (e mais tarde, quatro clubes), com dois atletas por prova, desde 1987 as finais são disputadas com oito clubes, um atleta por prova.
A edição deste ano marca uma alteração nos regulamentos, com a descida automática dos dois últimos classificados da final da 1ª divisão de 2024, e a subida, em 2025, dos dois primeiros da final da 2ª divisão.
Em termos de historial, os campeonatos foram equilibrados até 1955, com ligeiro domínio do Benfica, embora tenha pertencido ao Sporting a melhor série: quatro triunfos seguidos, entre 1945 e 1948. O título do FC Porto (em 1952) deveu-se à ausência dos dois grandes de Lisboa, em conflito com a Federação.
Entre 1956 e 1979 o Sporting dominou (com exceção de 1967, triunfo do Benfica) com séries de 11 e 12 títulos consecutivos, e o inverso sucedeu entre 1980 e 1994, com o Benfica a apostar forte na modalidade.
A partir de 1995, o Sporting regressou em força. O Benfica ainda conseguiu uma inesperada vitória em 1996, mas depois a superioridade dos “leões” tornou-se completa: 13 títulos. Depois da derrota em 2010, o trabalho que o Benfica vinha fazendo no setor jovem e um claro desinvestimento do Sporting levou a que se iniciasse em 2011 um novo ciclo que vai já em 23 triunfos consecutivos.
No que respeita aos nacionais clubes femininos (iniciados em 1943), o primeiro domínio foi do Belenenses, que ganhou onze vezes seguidas, entre 1948 e 1958.
O Sporting esteve depois 18 anos consecutivos a ganhar o título nacional até que, em 1977, o Benfica, que formara uma equipa feminina em meados dos anos sessenta, conquistou o primeiro título. O Benfica voltaria a ganhar em 1978, mas só entre 1982 e 1994 conseguiria a hegemonia, conquistando 12 triunfos.
E em 1995 (o que prevalece até aos dias de hoje) o Sporting dominou completamente o setor e apenas perdeu um título (2010), quando o FC Porto apresentou uma equipa com oito atletas estrangeiras!
Foto (arquivo): FPA / Luís Barreto