Diário dos Mundiais – Um dia grande para Portugal nos Campeonatos Mundiais de Atletismo de Tóquio 2025, com Isaac Nader a sagrar-se campeão do Mundo nos 1500 metros, Pedro Pichardo a apurar-se para a final do triplo e Fatoumata Diallo a bater o recorde de Portugal nos 400 metros barreiras.
O momento maior aconteceu na última prova do dia, os 1500 metros. Numa corrida emocionante até ao final, o recordista nacional esteve sempre no grupo da frente, em posição de luta quando o ritmo aquecesse. A faltar 200 metros, Isaac começou a colocar-se em posição de resposta e nos últimos 60 metros foi galgando metros a alta velocidade e ultrapassou toda a gente para se sagrar campeão do Mundo, com a marca de 3m34s10”, com Jake Wightman (GBR) a ser segundo em 3.34,12, e o queniano Reynold Cheruiyot a ser terceiro em 3.34,25.
«Estou um pouco cansado, emocionalmente muito em baixo, mas muito contente, muito feliz. Já levo algum tempo a dizer que este é o meu sonho, ganhar uma medalha, já tenho duas. Hoje sou campeão do Mundo, só há um título maior que este, ser campeão olímpico. Até acredito que ser bronze nos Jogos é melhor que ser campeão», referiu.
Já calei muita gente que dizia que o Isaac não podia ganhar, mas o que importa é que eu, a Salomé, a minha família, o meu treinador, e as pessoas que acreditam realmente em mim, sempre tivemos paciência. O que eu dizia há dois dias, cada vez tenho menos nervosismo, cada vez coloco menos pressão em mim próprio. É uma corrida de cada vez”, continuou.
«Ao longo das muitas entrevistas que deu (a prova terminou pouco depois das 22h30 e eram meia noite e meia ainda estava a dar entrevistas), Isaac foi repetindo o que sempre dissera antes das provas, que esta final seria mais aberta, que «os 14 atletas eram todos capazes de lutar pelas medalhas», mas ele não tinha receio algum, «respeitando todos os atletas sabíamos o trabalho que fizemos e apenas o triunfo estava na minha cabeça», adiantou, falando depois no sprint final, «desta vez não olhei para trás, sabia que ninguém vinha atrás de mim, só me preocupei com a meta».

No final da prova, eram vários os portugueses e elementos da comitiva à espera de Isaac Nader par o felicitar, entre eles o presidente da FPA, Domingos Casto, o vice-presidente Sérgio Guedes, o team leader Ricardo Vale, o treinador Enrique Pascual e as atletas Salomé Afonso e Fatoumata Diallo. A receção foi emotiva e os parabéns e as felicitações foram chovendo.
E até mesmo Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa felicitou o campeão do Mundo Isaac Nader, em nota publicada na página da Presidência da República Portuguesa: «É com um enorme orgulho que o Presidente da República congratula Isaac Nader, pela conquista da medalha de ouro nos 1.500 metros nos Campeonatos do Mundo de Atletismo, que estão a decorrer em Tóquio, no Japão.
Numa emocionante corrida, o atleta português mostrou toda a sua qualidade e determinação, com um final de corrida só ao alcance de grandes atletas. Isaac Nader junta, desta forma brilhante, o seu nome ao de outros compatriotas que alcançaram o lugar mais alto do pódio mundial e marcaram a história do atletismo e do desporto nacional.
Em nome de Portugal e dos portugueses, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa agradece ao atleta, à sua equipa técnica e à Federação Portuguesa de Atletismo todo o trabalho e dedicação que nos permite ver a Bandeira Nacional ser elevada, em Tóquio, ao som de “A Portuguesa”».

No triplo-salto, Pedro Pichardo apurou-se para a final, saltando 17,09 metros (ficou a um centímetro da marca de qualificação direta) ao segundo ensaio. Observando a competição, prescindiu do terceiro ensaio.
«Esta é uma pista que me diz muito. Foi aqui que me sagrei campeão olímpico pela primeira vez, a diferença é que agora já temos público», afirmou o atleta, que confessou ter feito «um erro técnico que levou a que não me conseguisse apurar logo ao primeiro salto. Não fiz o aquecimento como deveria ter feito. Depois, na competição, o meu pai e treinador chamou-me a atenção e corrigimos um pouco e já saltei melhor».
Para a final de sexta-feira (às 12h50, hora portuguesa), não há dúvidas, «não vou cometer os mesmos erros e, para nós saltadores e lançadores, o apoio do público é muito importante. Por isso, como sempre, vou saltar para vencer. É o que trago no meu pensamento e não penso em marcas, apenas em vencer», concluiu.

Já Tiago Pereira não conseguiu o apuramento para a final do triplo, saindo de Tóquio com três ensaios nulos.
«Nos treinos estava a sentir-me bem, sem limitações, mas a verdade é que não consegui marcar nenhum salto. Há dias assim, desde que comecei nos mundiais [2022] nunca tinha falhado uma final», disse no final da sua competição.
Fatoumata Diallo bate recorde nacional

Fatoumata Diallo fez uma excelente corrida na terceira das três meias-finais de 400 metros barreiras. A portuguesa terminou em quarto lugar com a marca de 54,45 segundos, um novo recorde de Portugal, melhorado em sete centésimos.
«Estou contente e ao mesmo tempo triste. Estou contente por mais este recorde nacional, é sempre um prazer, mas sabem eu queria estar na final, queria estar entre as grandes atletas. Mas estou contente, porque no ano passado fui 17.ª nos Jogos e agora sou 13ª nos mundiais. Estou contente por cada vez estar mais perto, vou avançando pouco a pouco», afirmou a atleta, que conseguiu o melhor resultado de sempre.
«Espero que os atletas mais jovens possam ver os nossos exemplos e que continuem a trabalhar, porque é possível alcançar bons resultados», concluiu.

Praticamente ao mesmo tempo decorreu a qualificação do lançamento do dardo. Leandro Ramos não fez nenhum ensaio nulo, mas também não conseguiu um lançamento que lhe pudesse dar a qualificação. Com 76,65 metros foi 17º no seu grupo.

Lorene Bazolo correu os 200 metros em 23,07 segundos, sendo sexta na sua eliminatória. No conjunto da classificação foi 26.ª, a seis centésimos da qualificação por tempos.
«O objetivo, e nós trabalhámos para isso, é sempre passar à segunda fase. Nem sempre é possível. Contudo, como eu digo sempre, é para dar o meu melhor. Eu dei o meu melhor, mas novamente não foi suficiente. Há quatro anos, nesta pista [nos Jogos Olímpicos] passei à segunda fase, praticamente com a mesma marca, mas as adversárias eram muito fortes. Como tinha uma marca muito forte acreditava muito que conseguiria. Mas só posso estar orgulhosa da minha época, em que bati várias vezes o recorde nacional”, afirmou a atleta no final da sua corrida.
Amanhã corre Mariana Machado
O dia de amanhã apenas tem a participação de Mariana Machado (14.53,91) nos 5000 metros, na segunda das meias-finais às 19h28 (hora portuguesa).
Como dissemos ontem, os portugueses podem acompanhar estes Campeonatos através da RTP 2 e RTP Play, com a transmissão em direto, com os resultados a serem publicados na página da World Athletics.
Quanto aos portugueses, iremos publicando no site da FPA e nas redes sociais.
Fotos FPA / Sportmedia