Está prestes a começar o atletismo na 32.ª edição dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, que foram “arrastados” para 2021 por força da pandemia de Covid-19, que assolou o mundo desde o início de 2020.
O atletismo, modalidade ímpar nos Jogos Olímpicos, integrada na sua estreia, em 1896, em Atenas, que em cada olimpíada (espaço de quatro anos que medeia cada edição dos Jogos), se enche de novos e antigos heróis. Só esta modalidade tem em disputa 189 medalhas, que serão distribuídas por 22 provas individuais masculinas e 21 individuais femininas (não existe a prova de 50 km marcha em femininos), duas provas coletivas em cada género (4×100 e 4×400 metros) e uma prova mista (4×400 metros, esta uma estreia).
Do atletismo faz parte a prova-rainha dos Jogos, a maratona, masculina, que encerra a parte desportiva, a anteceder a cerimónia de encerramento.
O atletismo tem muitos heróis internacionais, desde o nativo americano Jim Thorpe, campeão de decatlo, passando por Emil Zatopek, multicampeão no meio-fundo, Jesse Owens, recordista mundial e multicampeão olímpico na velocidade, nesta área ainda, a norte-americana Wilma Rudolph, Bob Beamon, recordista mundial do comprimento, Dick Fosbury, perpetuado pela técnica de salto em altura que tem o seu nome (Fosbury Flop); até mais perto dos nossos dias, com os eternos Sergey Bubka, no salto com vara, Michael Johnson, ex-recordista dos 400 metros, Carl Lewis, o eclético velocista e saltador em comprimento, Florence Griffith-Joyner, recordista mundial dos 200 metros (recorde que ainda se mantém!), a varista Irina Isinbayeva; os meio-fundistas marroquinos Said Aouita e Hicham El Guerrouj; e o corredor de longas distâncias Haile Gebrselassie (Etiópia); à “papa medalhas”, a velocista norte-americana Allison Felix; até aos “reis” dos ídolos e lendas olímpicas, os jamaicanos Usain Bolt e Shelly Ann Fraser Price.
São protagonistas de grandes momentos (e haveria ainda centenas de outros para salientar), que no todo fazem do atletismo uma modalidade de excelência e altamente mediática.
Este ano, entre 30 de julho e 8 de agosto, o atletismo concentrará, certamente, muitas das atenções mundiais e perfilam-se novos mitos e lendas.
A norte-americana Allison Felix, que tem seis medalhas de ouro olímpicas, num total de nove, estará em Tóquio, de novo, para mais uma tentativa de se libertar deste recorde que divide com a ex-jamaicana Merlene Ottey/Page. Ela participará na estafeta de 4×400 metros onde tentará a sua quarta medalha de ouro consecutiva! Contudo, o atleta com maior número de medalhas olímpicas é o finlandês Paavo Nurnmi (12, com o seu maior feito a acontecer em 1924, onde conquistou cinco títulos, entre os quais os de 1500 e 5000 metros com apenas 90 minutos de diferença).
Outros feitos poderão ser atingidos em Tóquio 2020. Há uma mulher que poderá ser a primeira ganhar a medalha de ouro em três edições sucessivas dos Jogos: a croata Sandra Perkovic, no disco (onde estarão duas portuguesas) e a polaca Anita Włodarczyk (martelo). Neste patamar estão também a velocista jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce e a lançadora Valerie Adams (Neozelandesa), no peso (onde tem entre as grandes rivais a portuguesa Auriol Dongmo), para um terceiro ouro, mas não consecutivo.
Se Portugal quiser (por intermédio dos seus triplistas) o Burkina Faso (através de Fabrice Zhango) poderá obter a sua primeira medalha de ouro de sempre, um objetivo que a jovem Camacho Quinn tentará nas barreiras para a ilha de Porto Rico.
Outras curiosidades: o espanhol Jesús Ángel García (50 km marcha) deverá tornar-se no primeiro atleta a competir em oito edições dos Jogos Olímpicos, dois a menos do que o recorde geral de 10 conseguido pelo cavaleiro do Canadá canadense Ian Millar (10). E, em femininos, a francesa Mélina Robert-Michon (disco) deverá bater García à distinção de ser o primeiro atleta a competir em todos os seis Jogos Olímpicos do século XXI.
Será também a oportunidade para novos nomes se perpetuarem, como o norueguês Jacob Ingebrigtsen, as barreiristas Femke Bol (Países Baixos) e Sydney McLaughlin (Estados Unidos), o saltador Armand Duplantis (Suécia), ou até mesmo, a possibilidade real de o título da prova de velocidade pura (100 metros) rumar pela primeira vez para o continente africamo, por Akani Simbine, da África do Sul.
Links:
Livro de estatísticas do atletismo nos Jogos Olímpicos (World Athletics)