Exposição do Centenário encerra este sábado

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16 Nov, 2021
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Sendo uma das iniciativas da celebração do Centenário da Federação Portuguesa de Atletismo, a Exposição do Centenário prepara-se para fechar a sua exibição em Lisboa e partir para outras paragens, nos seus dois formatos, com a totalidade do espólio ou apenas na dimensão fotográfica.

Mas, enquanto não acontece, vale a pena visitar o espaço atmosfera m, pertença da Associação Mutualista Montepio, situado na rua Castilho, número 5 (perto da Cinemateca Portuguesa).

A entrada tem a colocação da fasquia de salto em altura com o recorde de Portugal (2,28 metros) obtido por Paulo Conceição, antecedendo precisamente as imagens de documentos e fotos dos primeiros tempos do atletismo e ainda as origens da Federação Portuguesa de Atletismo, que das corridas de pedestrianistas e “jogos atléticos” chegou aos títulos olímpicos.

Para além das recordações desses momentos altos da única modalidade que conquistou títulos olímpicos (cinco), existem outros motivos de recordação que valem a pena ser revistos ou vistos. Principalmente, recordados.

E, porque o calçado dos desportistas foi evoluindo ao longo do século, podemos aqui realçar a existência na Exposição de um dos “sapatos de sapatos de bicos do atleta português António Sarsfield Rodrigues. Sarsfield Rodrigues (1905-1994), atleta do Sport Club do Porto, foi recordista nacional e várias vezes campeão nacional dos 100m e 200m. O seu recorde dos 100m, com o tempo de 10s6, obtido em 1932, perdurou até 1964 (José Rocha 10s5 – que também tem uma fotografia na Exposição).

Participou nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1932, na prova dos 100m. Foi o único atleta na modalidade de atletismo, entre os sete participantes portugueses (modalidades de tiro e pentatlo moderno) nos Jogos. Naquele tempo, os atletas não tinham as condições que têm atualmente. A viagem para o outro lado do Atlântico era longa. Primeiro de comboio até Le Havre, em França, depois a travessia do Oceano Atlântico, de barco, até Nova Iorque e novamente de comboio até Los Angeles na Costa Oeste. Treinou como pôde no barco e no comboio. Chegou a Los Angeles no dia anterior à única prova eliminatória em que competiu, tendo terminado em 5º lugar com 11s5. O vencedor dos 100m foi Eddie Tolan, com 10s38”, numa descrição do Museu Nacional do Desporto, que cedeu este artigo.

Com menos vicissitudes na viagem, a Exposição tem ainda em exibição as sapatilhas usadas pela atleta Fernanda Ribeiro na prova dos 10.000m nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996, onde ganhou a Medalha de Ouro. Dela e dessa prova se escreve no livro “Olímpicas”, de Cipriano Lucas:

“A final olímpica decorreu às nove e meia da noite de 2 de agosto. Em Portugal, eram duas e meia da manhã do dia 3. A espanhola Julia Vaquero e a portuguesa revezaram-se na frente, a partir do 6.º km. Ao 8.º km, Vaquero esfrangalhou o pelotão. As últimas a ceder foram a queniana Loroupe e a etíope Tulu. A chinesa Wang Junxia, recordista mundial, grande favorita, foi para a frente aos 9400m. Atrás dela, apenas Fernanda Ribeiro e a etíope Gete Wami.

A chinesa ganhou então dez metros de vantagem a uma volta do fim. Fernanda aguentou o segundo lugar e a diferença na reta oposta, recuperou ligeiramente na última curva e “ganhou” a corrida a 40 metros da meta, quando alcançou e ultrapassou a chinesa deixando os portugueses sem fôlego. Triunfou com 31.01,63, deixando Wang Junxia (que nunca havia perdido uma prova de 10 000m!) a 95 centésimos. O hino nacional tocou quando já eram quatro da manhã em Portugal. A comitiva de Portugal conquistava a sua única medalha de ouro em Atlanta e Fernanda Ribeiro fechava o ciclo de ouro: Campeã Europeia, Mundial e Olímpica”.

Motivos suficientes para visitar a Exposição que ainda tem expostas pistolas de partida dos primeiros anos de atividade, equipamentos e sapatos de outros campeões olímpicos, e recordações fotográficas de alguns dos grandes momentos do atletismo português.

Exposição do Centenário (até dia 20 de novembro)
De segunda a sexta-feira, das 10 às 19 horas,
No espaço atmosfera m, rua Castilho, 5, Lisboa (junto ao hotel Altis e Cinemateca Portuguesa)

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