A cidade de Dublin, capital da Irlanda, recebe este domingo (dia 12), a 27ª edição dos Campeonatos Europeus de Corta-mato, competição que, de acordo com as inscrições divulgadas, apresenta um recorde de presenças: 613 atletas, em representação de 38 países, estando incluída uma equipa de refugiados na principal prova em masculinos.
Depois do êxito alcançado em 2019, quando se realizou em Lisboa, a competição apresenta desde já a presença de 13 dos 18 medalhados dessa edição. A prova sénior masculina prepara-se para ser a mais mediática, com a presença dos três medalhados oficiais de 2019: o turco Aras Kaya, (que tem quatro medalhas no palmarés, duas de ouro), o italiana Yemaneberhan Crippa (cinco medalhas: duas vezes ouro em sub20, duas vezes bronze em sub23, para além da prata em seniores em 2019) e o belga Julien Wonders (recorde-se que a prova foi ganha pelo sueco Robel Fsiha, de origem etíope, que depois foi sancionado por doping, perdendo os seus resultados). Ao trio juntar-se-ão, agora, o vencedor dos sub-23 (em três edições consecutivas!), o francês Jimmy Gressier e o vencedor dos sub-20 (quatro vezes consecutivas como campeão do escalão), o norueguês Jakob Ingebrigtsen, campeão olímpico de 1 500 metros, que “dispensou” a presença em sub-23. A todos estes, há ainda que juntar a presença do recém naturalizado Hiko Tonosa Haso, um refugiado político etíope (enfrentou mesmo a prisão), que venceu o nacional irlandês, e o terceiro classificado em sub-23, o espanhol Abdessamad Oukhelfen, que tem sido o melhor europeu nos corta-matos internacionais já organizados (vencendo mesmo em Alcobendas). E, depois, o belga Isaac Kimeli, vice-campeão em 2018 e que já anunciou pretender lutar pelo triunfo em Dublin.
Este é um grupo forte que os portugueses Samuel Barata, Miguel Marques, Rui Teixeira e André Pereira, a correrem como “outsiders”, terão de enfrentar.
A corrida feminina, sem portuguesas, tem como grande favorita a tetra campeã Yasemin Can, da Turquia, que terá como grandes opositoras, de novo, as nórdicas Karoline Grovdal, da Noruega (a recordista de medalhas, que nunca foi campeã em seniores (uma prata, em Lisboa, e quatro terceiros lugares), a sueca Samrawit Mengsteab (3ª em Lisboa 2019), e a dinamarquesa Anne Emilie Molder, campeã sub-23 em Lisboa 2019. A equipa irlandesa será capitaneada por Fionnuala MacCormak, atleta que tem 16 presenças na competição, tendo-se sagrado campeã em 2010 e 2011, e que este ano, há algumas semanas, bateu o seu recorde pessoal na maratona, passando de 2h26m47s para 2h23m58s. Os olhos de todos estarão também atentos às prestações possíveis das líderes da equipa alemã, Konstanze Klosterhalfen e Alina Reh.
Sub-23 a conhecerem novos campeões…
Nas competições para atletas sub-23, registar-se-ão novos campeões, uma vez que Gressier e Moller “subiram” a seniores.
Em masculinos, o irlandês Darragh McElhinney, segundo no campeonato irlandês, posiciona-se na luta pelo pódio, tal como os franceses Florian Le Pallac e Valentin Gondouin, prata e bronze nos 10 000 metros dos Europeus sub-23. Outros nomes apontados ao grupo da frente são os dos portugueses Etson Barros, medalha de prata nos 3 000 m obstáculos em Tallin (Europeus sub-20), e Isaac Nader, vencedor dos 1 500 metros na Super Liga, na Polónia. Também todos estarão atentos a Nahuel Carabana, o primeiro vencedor de medalhas internacionais para Andorra, que derrotou Etson Barros. Alexandre Figueiredo, Duarte Gomes, Miguel Moreira e Ruben Amaral completam a formação portuguesa.
Já em femininos, os nomes apontados ao pódio são bem conhecidos, pois dizem respeito às três primeiras de Lisboa 2019: a italiana Nadia Battocletti, a eslovena Klara Lukan e a portuguesa Mariana Machado. Este é o trio de candidatas, mas há outros nomes a ter em conta, como a irlandesa Sarah Healy (segunda classificada no campeonato nacional), e as francesas Flavie Renouard e Aude Clavier, campeã europeia e medalha de bronze sub-23 de 3000 m obstáculos, respetivamente. Excelente grupo para a portuguesa Lia Lemos poder evoluir como “outsider”.
… o mesmo sucedendo em sub-20
Com os campeões de 2019 a “subirem” de escalão, os títulos sub-20 estão bem abertos. Em masculinos, o irlandês Nick Griggs é um dos nomes mais fortes, tal como o dinamarquês Joel Ibler Lilleso e o espanhol Pol Oriach, todos vencedores das provas de meio-fundo nos Europeus sub-20. Mas há mais nomes, como outro espanhol, David Cantero (segundoo em 5000 m atrás de Lilleso) ou o norueguês Abdullahi Dahir Rabi (refugiado da Somália, naturalizado em setembro, autorizado a competir pela Noruega esta semana). Portugal tem uma equipa sub-20 (os gémeos João e Pedro Amaro – campeão e vice-campeão nacionais, respetivamente -, Jacinto Gaspar e Duarte Santos) em que todos são estreantes.
Já em femininos, a equipa portuguesa constituída por Camila Gomes (50ª em 2019) e as estreantes Ana Silva, Beatriz Fernandes e Rita Figueiredo (campeã nacional), enfrentará as talentosas representantes do norte da Europa, a norueguesa Ingeborg Ostgard (apontada como favorita principal), vencedora dos 1500 metros em Tallin, a dinamarquesa (de 16 anos) Sofia Thogersen (prata nos 3000m em Tallin) e a finlandesa Ilona Mononen (campeã de 3000 m em Tallin). Por fora, mas com aspirações, correm a espanhola Carla Dominguez (campeã de 5000 m mos europeus sub-20 de Tallin) e a húngara Greta Varga.
A estafeta mista
Quanto à estafeta mista, que se realiza há três edições, desde Samorin, tem este ano 12 equipas inscritas, sendo as formações da Grã-Bretanha (vencedora em 2017 e 2019) e da Espanha (vencedora em 2018) as principais favoritas.
Como acompanhar
Os Campeonatos Europeus de Corta-mato terão transmissão televisiva integral na Irlanda através da RTE 2 (https://www.rte.ie/player/onnow) e “live streaming” na página da European Athletics (https://european-athletics.com/live-stream). A RTP 2 transmitirá as provas seniores, depois das 13 horas.
Os links das páginas oficiais e do dossier da equipa de Portugal encontram-se no artigo inicial nesta página.