A caminho da sua sexta participação em Campeonatos Mundiais, Patrícia Mamona entra nesta competição em Eugene sendo vice-campeã olímpica em 2021, com uma marca de 15,01 metros (recorde de Portugal).
Numa das residências universitárias onde todos os atletas (e oficiais e treinadores) se encontram, a portuguesa vai competir, pela segunda vez (a primeira foi nos Mundiais de Pista Coberta, em Belgrado), com esse título na mochila, será que sente a pressão?
“Não penso isso. Não tenho essa pressão comigo. Nem significa que o facto de ser vice-campeã numa prova implique que deva ser vice-campeã na outra. Cada prova é diferente e eu estou aqui neste Campeonato do Mundo imbuída no espírito competitivo, com a motivação de fazer mais e melhor. A minha melhor classificação em Mundiais foi em 2019 e é essa sempre a minha ambição, de fazer melhor. Nestes Campeonatos há efetivamente a minha forma de encarar a competição, como faço sempre, profissionalmente, com esse objetivo de melhorar. Mas a competição este ano será muito forte, há muitas competidoras que já conseguiram grandes resultados e, por isso, a qualificação será o mais importante e também o mais difícil. Não é uma marca de qualificação difícil [14,40 metros], por isso dá esperança a muitas atletas. Só temos três saltos e eu espero entrar logo com essa marca para poder depois estar a focar-me apenas na final.
O resultado obtido em Tóquio deixa mais responsabilidade?
Os 15 metros que alcancei, felizmente, são um marco que poucas têm. Estão perto, mas ainda não chegaram lá. O nível melhorou bastante, em relação a dois ciclos olímpicos atrás, há mais competidoras a saltar bem e isso torna tudo mais difícil e ao mesmo tempo mais competitivo e motivador.
Já aqui competiu, com boas recordações. Como é competir de novo em Eugene?
Já aqui estive de facto e foi a primeira vez que passei os 14 metros. Esta é uma cidade que respira atletismo, daí o cognome de “track town” [cidade do atletismo]. É todo um ambiente magnífico em que não só o ambiente universitário como o resto da população percebe e conhece a modalidade. Incentiva imenso os atletas. Estive no estádio antigo, este foi todo renovado, mas ainda “puxa” mais por nós. Dá vontade de ali competir e fazer o nosso melhor…
Eles dizem que é a pista dos sonhos concretizáveis…
E têm razão. Os atletas aqui conseguem superar-se e são incentivados a fazê-lo. Concretizam os sonhos altos.
E a Patrícia sonhou alto em pequena?
Sonhei não muito alto, até que assisti aos Jogos de 2004 e percebi que era isto que eu queria fazer e sonhei em competir nos Jogos e nas grandes competições. Mas só sonhar não chega, é preciso acreditar e estarmos dispostos a entrar num regime de trabalho, de treino e descanso, que nos possa levar a esses objetivos.
Os olhos na concorrência
Na qualificação de amanhã, Patrícia Mamona terá a companhia de Yulimar Rojas, Venezuela (15,67 m), campeã olímpica e mundial; Marina Beck-Romanchuk, Ucrânia (14,74 m), a vice-campeã mundial em pista coberta em Belgrado’22 (que também estará no salto em comprimento); Thea Lafond, Dominica (14,60 m), quarta nos mundiais de pista coberta; Hanna Minenko, Israel (14,78 m); Ketura Orji. Estados Unidos (14,92 m), campeã dos Estados Unidos; Liadagmis Povea, Cuba (14,93 m), quinta nos Jogos Olímpicos Tóquio’2020; e Shanieka Ricketts, Jamaica (14,98 m), quarta nos Jogos Olímpicos Tóquio’2020 e vice-campeã mundial em Doha’19, entre muitas outras.
Triplo-salto – qualificação – 10h30 (18h30 em Portugal)