A jornada da manhã dos Campeonatos Mundiais de Pista Curta, em Glasgow, mostrou a queda de um recorde de Portugal, por João Coelho, nos 400 metros, que se apurou para as meias-finais, juntamente com Omar Elkhatib, que bateu o recorde pessoal, derrotando o campeão mundial em título, Jereem Richards.
A prestação portuguesa na primeira jornada dos Mundiais de Pista Curta fecha com balanço positivo, pelos resultados nos 400 metros masculinos (Portugal é a única nação com dois representantes nas meias-finais, onde não está nenhum atleta dos Estados Unidos), com o melhor registo de sempre (por marca) de Cátia Azevedo, também nos 400 metros, e com as duas lançadoras do peso, Jessica Inchude e Eliana Bandeira, classificadas no “top-12”.
Claro que o destaque vai para os 400 metros masculinos. João Coelho, incluído na quarta e última das eliminatórias, até podia controlar o seu desempenho, mas o português aproveitou o ritmo do belga Alexander Bloom e fez a sua melhor prova de sempre em 400 metros em pista curta, terminando no segundo lugar, com a marca de 46,35 segundos, novo recorde de Portugal, que ele já ameaçara no nacional de clubes.
“Nem pensei que estava a correr tão rápido. Estava até a controlar-me, tinha de manter a segunda posição, se queria apurar-me, foi o que eu fiz, ainda olhei para trás, pareceu-me não haver perigo. Dá vontade de mais, espero conseguir ter forças para correr melhor hoje à tarde”, afirmou o atleta que não esperava ter batido o recorde nesta corrida, “esperava fazê-lo durante os campeonatos, sim”, afirmou, olhando para o seu desempenho futuro que pode até vir a atacar um lugar para a final dos 400 metros.
Quem também se apurou para as meias-finais foi Omar Elkhatib. Na sua estreia em Mundiais, colocado numa série com o campeão mundial Jereem Richards, Omar não se deixou intimidar e fez a sua corrida, terminando em terceiro lugar na sua série, com a marca de 46,99 segundos, derrotando mesmo o campeão mundial Jereem Richards, de Trindade e Tobago, que conseguiu o apuramento na repescagem… acima de 47 segundos.
“Depois de vir de uma época difícil, pois tive uma lesão, estou muito surpreendido com o meu desempenho. Felizmente conto com os meus colegas, João Coelho e a Cátia Azevedo, que me incentivam muito”, afirmou o atleta, feliz por estar nas meias-finais – um feito inédito dos atletas portugueses -, “acreditando que ainda tenho muito para dar”.
As meias-finais realizam-se na jornada da tarde. João Coelho estará na primeira das meias-finais, na pista 4, às 21h10, enquanto Omar Elkhatib corre na segunda das meias-finais, na pista 1, às 21h18. Apuram-se para a final os três primeiros classificados.
Na final direta do lançamento do peso, muita ansiedade por parte das 17 concorrentes, com nove delas a ficarem apenas com três ensaios (apenas as oito primeiras têm direito a mais três ensaios), as portuguesas Jessica Inchude e Eliana Bandeira não conseguiram estar ao nível dos lançamentos que as trouxeram a esta competição. No final, Jessica Inchude foi 10ª classificada com a marca de 18,04 metros (melhor que há dois anos em Belgrado, quando foi 12ª com uma marca abaixo dos 18 metros) e Eliana Bandeira foi 12ª com 17,35 metros.
O último dos lançamentos foi de tudo por tudo, para Jessica Inchude. “O meu objetivo era passar às rondas finais e bater o meu recorde pessoal, pois há uma semana estava bem e hoje não chegou para ser feliz. Eu sei que consigo e trabalhei para fazer melhor e estou desiludida, mas é verdade que é bom ficar em 10º lugar”, referiu. No final.
Também Eliana Bandeira não estava feliz. “Não foi a marca que eu gostaria de ter obtido nestes campeonatos, pois é a minha estreia nos mundiais, mas saio daqui com vontade de regressar a Portugal e começar já a trabalhar para as próximas competições, feliz pela experiência de estar entre as melhores e motivada para mais”, referiu.
No entanto, a presença portuguesa da manhã abriu com Cátia Azevedo. A recordista nacional foi logo na primeira série eliminatória e terminou na quarta posição com o seu melhor resultado de sempre em Mundiais, abaixo dos 53 segundos (52,92 segundos). Contudo, a portuguesa ficou na quarta posição. Como passavam às meias-finais as duas primeiras e os quatro melhores tempos seguintes, a portuguesa teve de ficar nos “hot seats”, uns sofás com as qualificadas por tempos. Veio a segunda série e duas outras atletas fizeram melhor marca e Cátia ainda teve de esperar pela terceira série (em que três atletas ficaram com a mesma marca (52,43) e ficou a certeza de não ser apurada.
“Como eu tinha dito, a qualificação ia ser muito apertada e difícil. O facto de não ter logo arriscado levou-me a correr muito tempo na pista dois e isso desgastou-me”, afirmou a atleta, que realça o seu melhor resultado de sempre em termos de marca e deixou já uma palavra para a prova de estafeta no próximo domingo. “Estamos muito motivadas para “aniquilar” o recorde de Portugal”, concluiu Cátia Azevedo.
Na jornada da tarde de hoje, para além dos quatrocentistas, às 19h23, Salomé Afonso estará na terceira das quatro meias-finais dos 1500 metros (apuram-se as três primeiras classificadas), e às 20h28, Isaac Nader corre na terceira das quatro meias-finais dos 1500 metros (mesmo sistema de qualificação).
Na página da World Athletics encontrará toda a informação disponível sobre a competição. Diariamente daremos aqui, na página da Federação Portuguesa de Atletismo, informações sobre os atletas portugueses.
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Fotos: FPA / Sportmedia