A visão da experiente atleta e médica, Irina Rodrigues

FPA Geral Notícias

8 Set, 2025
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Diário dos Mundiais – Uma das atletas mais experientes da seleção nacional presente no estágio é a recordista nacional do lançamento do disco, Irina Rodrigues. Em Campeonatos do Mundo estreou-se em 2013 (Moscovo) e aqui vai para a sua sétima participação.

Importa saber as opiniões de Irina, especialmente no estágio em Oita, que “está a correr muito bem. Especialmente quando comecei a entrar no fuso horário, que me consegui aclimatar, e ajustar a questão do sono, da alimentação fui sentindo que o meu corpo se foi adaptando de dia para dia, realmente o calor e a humidade é algo que se sente bastante e requer algum tempo e alguns treinos para nos sentirmos mais a vontade com estas condições climatéricas, mas está a correr bastante bem. A entrar dentro daquilo a que estou habituada nos Açores”.

A atleta também esteve em Oita há quatro anos, num estágio para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, em plena pandemia, e as diferenças são significativas.

“Agora sentimos que temos mais espaço, podemos sair do hotel, há menos pessoas com máscaras, mas ainda assim ainda vamos encontrando, a partir do momento em que temos a liberdade de não estarmos só confinados ao quarto, à área de refeições e ao estádio, acho que nos sentimos um pouco mais à vontade. No entanto, há quatro anos, o choque foi maior, mesmo a parte do calor, nós sentirmos que o rendimento desce muito nos primeiros dias, porque estávamos bem e de repente lançamos a menos quatro ou cinco metros que o habitual e pensamos, o que se está a passar? E agora já entendo que é parte do processo e, na verdade, estes estágios de aclimatação são mesmo para isso, para o corpo se ir habituando, para voltar ao seu normal”.

Em comparações com outros estágios, Irina só pode referir outro tipo, as concentrações de setor. “Quando não temos em vista uma competição, e acabamos por ter ali um ritmo diferente. Treinamos duas vezes por dia, os testes que fazemos são mais de condição física, como os saltos e o uso da força, etc. Neste tipo de estágio, como temos mesmo o grande objetivo da época, acabamos por estar só a manter o nível e tentar chegar o melhor possível à competição. Em comparação a outros estágios de preparação, estou a lembrar Oita há quatro anos, também houve um para os Estados Unidos, em que acabei por não participar, só fui alguns dias antes da minha competição, mas a verdade é que, comparando com outro tipo de estágios, a grande diferença é mesmo essa, só queremos estar bem e chegar saudáveis ao dia da competição. Nos outros queremos construir e estar com os nossos colegas”.

O contato com os colegas, sendo das mais experientes na seleção e após a licenciatura em medicina, propicia o pedido de aconselhamento?

“Sim, às vezes vêm ter comigo e dizem, ‘já que és médica, o que achas disto e disto’ e eu dou a minha opinião enquanto atleta e tento dar a minha opinião mais imparcial possível enquanto médica. Mas acabo sempre por dizer que enquanto médica faria isto, enquanto atleta faria aquilo. Não são perguntas muito difíceis, são pessoais, mais baseadas na minha experiência enquanto atleta, eu tenho 21 anos de carreira e depois tenho aqui esta base enquanto médica, mas é tranquilo”.

Os conselhos pedidos são muito pessoais, não são muito técnicos, “pois eles vão mais perguntar sobre questões técnicas aos seus treinadores, confiam mais na opinião deles. Podem perguntar mais é ‘fazes este exercício porquê, porque é que tens esta técnica assim’. Ou seja, é mais um pedido de opinião do ponto de vista pessoal, para perceberem se a minha técnica poderá fazer sentido com eles, mas a maior parte dos pedidos são conselhos médicos”.

Voltando à atleta Irina, será que a alegria agora é a mesma do início de carreira?

“Ainda há dias estava a fazer uma visita à minha estreia como sénior, nos mundiais de Moscovo’2013, e o que eu sinto é calma, mais calma, sinto que todos estes anos me fizeram estar mais serena e confiar. Senti que no início estava mais nervosa e ansiosa e agora estou mais tranquila com todas estas experiências e competições. Quanto à alegria, sim, acho que o atletismo e estas competições me trazem bastante vida e fazem com que eu me sinta ainda bastante jovem, tenho 34 anos, mas não me sinto como 34”.

Atrás, Irina referiu-se a confiança. Será fundamental para atingir qualquer objetivo?

“Acho que é muito importante, mas ela também se vai construindo. Há pessoas que naturalmente já têm muita confiança, mas pode ser bom ou mau e há que moderar. Como tudo há que ter um qb [quanto baste], é importante ter confiança, mas as vezes o excesso pode trair-nos. É importante confiarmos no trabalho que se fez, que muitas das vezes colocamos em dúvida – será que fizemos tudo o que era necessário? -, a verdade é que o trabalho já está feito e é confiar no que temos, e o treinador costuma diz muitas vezes, está só com 83 por cento, dá esses 83 por cento, não penses em chegar aos 100. Usa aquilo que tens, mas usa o melhor que tens, com o que tens. Algo assim. Acreditamos sempre que podíamos fazer muito mais, que podíamos ter feito, mas não podemos mudar o passado. Hoje é esta a versão da Irina, potenciar ao máximo e fazer render o melhor possível”.

Continuamos a acompanhar o estágio dos atletas portugueses em Oita, na preparação para os Mundiais de Tóquio que começam no dia 13 de setembro, especialmente nas nossas redes sociais, com notícias e imagens atualizadas.

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