Campeões nacionais de corta-mato: mais de um século de glória e resistência

FPA Geral Notícias

9 Nov, 2025
Miguel_Moreira_campeao_2024

Faltam menos de 15 dias para a realização da 102.ª edição dos Campeonatos Nacionais de Corta-Mato Longo, que este ano terão lugar em Lagoa, no Algarve, dias 22 e 23 de novembro, na pista onde irão também decorrer os Campeonatos Europeus desta disciplina, a 13 e 14 de dezembro. O Nacional de Corta-Mato, então só para atletas masculinos, a mais antiga e simbólica competição do atletismo português, foi criado em 1911, ainda antes da fundação oficial da Federação Portuguesa de Atletismo e tornou-se o espelho fiel da evolução do desporto nacional.

Ao longo de uma história centenária, o corta-mato português coroou nomes lendários, daqueles que resistiram à lama, ao vento e ao tempo. Entre eles está, Carlos Lopes, o nosso “rei” desta vertente. O atleta do Sporting Clube de Portugal conquistou dez títulos nacionais, num domínio quase absoluto durante a década de 1970 e início de 1980, muitas vezes travando duelos memoráveis com Fernando Mamede, que somou seis vitórias. Antes deles, nomes como Manuel Dias (oito títulos entre finais das décadas de 1920 e 1930), Manuel Faria (cinco títulos nos anos 1950) e Manuel Oliveira (5 conquistas nos anos 1960) marcaram as primeiras eras de ouro da corrida de corta-mato.

Nos anos 1990 e 2000, o protagonismo foi assumido por nomes com Domingos Castro (cinco títulos) e Paulo Guerra (cinco vitórias) a escreverem páginas inesquecíveis da resistência portuguesa, com o corta-mato a servir de prelúdio para as grandes maratonas e os feitos europeus que se seguiriam. Nos últimos anos, Rui Pinto e Samuel Barata têm sido os nomes dominantes da nova geração. Na última edição desta competição, o benfiquista Miguel Moreira foi o campeão.

Rosa Mota recordista no feminino

Entre as mulheres, a competição arrancou apenas em 1967, mas cedo se afirmou como o palco das melhores fundistas portuguesas. A primeira campeã foi Manuela Simões, do Benfica, que abriu caminho a nomes históricos como Rosa Mota (oito vezes campeã) ou Aurora Cunha (quatro vezes campeã), símbolos maiores do FC Porto e do atletismo mundial.

Nos anos 1980 e 1990, o Sporting de Braga e o Maratona impuseram-se como os polos dominantes: Albertina Dias, Conceição Ferreira e Albertina Machado brilharam com títulos sucessivos, a que se juntaram as conquistas de Fernanda Ribeiro, a campeã olímpica de 1996, que também colecionou vitórias no corta-mato.

Já no novo milénio, o equilíbrio entre Maratona, Benfica e Sporting trouxe novos nomes ao topo, como Dulce Félix (sete títulos), Jéssica Augusto (quatro) e Catarina Ribeiro, continuando uma tradição de excelência que perdura até hoje.

Em 2024, Mariana Machado, do SC Braga, reafirmou o legado materno e minhoto com o seu terceiro título consecutivo, confirmando-se como a sucessora natural de uma linhagem que inclui as grandes fundistas de Braga.

Os Campeonatos Nacionais de Corta-Mato contam a história da resistência, disciplina e tradição do atletismo português. Mais de um século depois de Francisco Lázaro, o primeiro campeão, o corta-mato continua a ser o terreno onde se mede não apenas a velocidade ou a resistência, mas a alma de quem corre por amor à natureza.

Mais informações (regulamento, programa-horário e histórico da competição) na página oficial dos Campeonatos Nacionais de Corta-mato. As inscrições já estão abertas no portal FPA Competições, para os nacionais seniores, sub-23, sub-20, sub-18 e sub-16 (competição no dia 23 de novembro), e também para os nacionais de veteranos, no dia 22 de novembro.

Foto (arquivo 2024): FPA / Marcelino Almeida

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