A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, e no âmbito das Comemorações do Centenário, promoveu esta manhã, no Centro Cultural de Cascais, a mesa-redonda “Atletismo: ameaças e oportunidades”. Esta atividade, que decorreu à margem do programa da Gala do Centenário da Federação Portuguesa de Atletismo, que acontece este sábado, a partir das 18h00, no Salão Preto & Prata do Casino Estoril, teve como objetivo partilhar experiências e perspetivas sobre o futuro da modalidade.
Na mesa-redonda estiveram presentes alguns dos nomes maiores do atletismo nacional e internacional, com destaque para o presidente da European Athletics, Dobromir Karamarinov; o vice-presidente da Federação Francesa de Atletismo, Jean Gracia; o Assessor da Real Federação Espanhola de Atletismo, Jose Luis de Carlos; além do presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Prof. Jorge Vieira; e de outros elementos da Direção e da Estrutura Técnica da FPA.
No centro da discussão promovida pelas questões da assistência estiveram os World Rankings e o novo sistema implementado pela World Athletics (WA), tendo sido apresentadas pela FPA duas propostas de possíveis sistemas, um dos quais alargando o tipo de meetings nos quais os atletas poderiam participar para obterem marcas de qualificação, tendo de somar mais participações consoante o nível dos meetings fosse menor. O outro sistema proposto implicava a realização de provas de qualificação no dia anterior aos meetings da Liga Diamante e aos meetings de nível A da World Athletics, que seria aberta aos atletas que tivessem a marca definida pela WA.
Mas esta mesa-redonda começou com a visão dos convidados sobre como perspetivam o futuro da modalidade, tendo Jose Luis Carlos enfatizado que “está otimista” embora com a noção de que é preciso adaptar o posicionamento da modalidade a uma realidade que vive cada vez mais do imediatismo das redes sociais e de transmissão em direto em diferentes plataformas do que dos formatos televisivos. Opinião semelhante manifestaram Jean Gracia e Dobromir Karamarinov, com este último a sublinhar os desafios trazidos pela COVID-19, que “testaram a modalidade, obrigando a adaptar eventos e competições e a cancelar alguns deles pela primeira vez, sendo um excelente exemplo que nos mostrou que temos de estar preparados e reagir”.
O Assessor da Real Federação Espanhola de Atletismo sublinhou também a necessidade de serem criadas regras e fiscalização, adaptando o sistema para acolher novas formas de corrida, como o trail running. “Temos de ter uma mente aberta”. “Temos de olhar para todas as partes interessadas e analisar o que podemos mudar no nosso desporto”, acrescentou o vice-presidente da Federação Francesa de Atletismo, que sugeriu que cada Federação pudesse olhar para o documento da World Athletics World Plan for Athletics 2022-2030, que tem tudo, desde a organização à competição, a questão dos runners e definir as suas estratégias”. Já o presidente da Europen Athletics focou a necessidade de “garantir a presença dos atletas de topo nos eventos, despertando o interesse do público” e reforçou a necessidade de “sermos flexíveis”.
Antes de serem colocadas questões pela assistência, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo sublinhou a importância do atletismo infantojuvenil no contexto da modalidade, lembrando que “são as crianças o futuro da modalidade” e enfatizando” a importância de promover o atletismo e as duas diferentes disciplinas nas escolas”. Por outro lado, Jorge Vieira expressou uma das suas preocupações no que diz respeito ao futuro do atletismo: “Uma das minhas maiores preocupações diz respeito à qualificação de treinadores, atletas, dirigentes, ou seja, dos diferentes agentes da modalidade.”
O programa Kids Athletics, o atletismo adaptado, a importância estratégica de competições europeias como a DNA, a Taça dos Clubes Campeões Europeus e os eventos europeus de provas combinadas e as preocupações relativamente o sistema de qualificação para os Jogos Olímpicos foram outros dos temas em cima da mesa.