Diário de Paris: Foi uma grande tarde para o atletismo português. Na segunda das meias-finais dos 1500 metros femininos dos Jogos Olímpicos de Paris’2024. Num Stade de France ao rubro, a portuguesa Salomé Afonso não chegou à final, mas tornou-se a segunda melhor portuguesa de sempre e abaixo dos quatro minutos!
Depois de uma primeira meia-final mais controlada, a segunda meia-final, pensava-se, seria idêntica, uma vez que apenas eram apuradas as seis primeiras, mas as atletas etíopes não estavam para aí viradas e começaram mesmo a “abrir”. Com uma passagem aos 400 metros em 61 segundos (a série anterior passara em 66 segundos) e aos 800 metros em 2m01s, percebeu-se que o comboio era rápido. E Salomé Afonso estava na cauda, mas desta vez não era por estar fora da corrida, era por estar a correr num andamento que nunca conhecera.
No final da corrida, cortou a meta em 12º lugar em 3m59s96”, mas ainda assim fez melhor que duas das apuradas da primeira série: a polaca Klaudia Kazimierska (4.00,21) e a espanhola Águeda Marqués (4.01,90).
Este resultado de Salomé puxa-a para o segundo lugar na lista das portuguesas de sempre, atrás da recordista nacional, Carla Sacramento, que correu em 3m57s71”.
Na zona mista, a portuguesa ainda estava a digerir o resultado que conseguira: “é verdade, sinceramente não tenho palavras. De facto, nesta prova vi-me sempre atrás, mas tive sempre a perceção óbvia de que ia atrás, mas não era como antes. O ritmo ia mesmo forte, até olhei para o relógio para ver se não era só uma sensação. Sei que não me ia a sentir incrível, mas depois pensei é normal não te sentires incrível, isto está um bocadinho rápido”, afirmou.
Ainda mais incrédula estava à entrada dos últimos 100 metros. “Não vou mentir, estava um pouco sem perceber – será que isto está a ser bom, não fazia ideia, mas quando olhei para o cronómetro fiquei parva, achei que devia estar a ver completamente mal. E então decidi ir até ao fim e quando cheguei à linha de meta percebi que era 3.59 muitos. Fiquei ali a olhar para o ecrã, a dizer para mim, que seja 99, mas nos 3.59. Nem quero acreditar no que fiz”.
Salomé Afonso, que entrou para estes campeonatos com uma marca nos 4.06 minutos, melhorou depois para 4.04 e agora abaixo dos quatro minutos. “Entrei para esta prova a pensar, não vou fazer uma semi-final dos jogos olímpicos, mas vou fazer Diamond league Paris [uma prova rapidíssima]. Nunca tive oportunidade de correr uma prova a este nível, a prova mais rápida que corri ganhou-se com 4.04 minutos, e então para mim, era o medo de saber se será se é desta. Mas ainda foi mais rápida do que eu pensava. Sou sincera, pensava em fazer pelo menos 4.01minutos e já sairia feliz, mas 3.59 minutos nunca imaginei. Estou super orgulhosa”, concluiu.
Agora, Salomé ainda não sabe o que vai fazer, “talvez ainda fazer uma prova de 800 metros, para tentar também melhorar o meu recorde pessoal”.
Dia 9: o dia de Portugal?
Amanhã chegamos ao nono dia do atletismo nos Jogos Olímpicos de Paris’2024. Amanhã o Stade de France estará repleto de público, de novo, e todo o Mundo poderá aplaudir todos os atletas que subirão à pista púrpura. Entre eles, em duas finais, estarão Pedro Pichardo e Jessica Inchude.
Pedro Pichardo estará na final do triplo-salto, a partir das 20h13 (19h13 em Portugal). O recordista de Portugal defenderá o título conquistado em 2021, nos Jogos de Tóquio’2020, adiados um ano devido à pandemia. Na manhã de 5 de agosto de 2021, Pichardo, o quinto a saltar, destacou-se de toda a concorrência ao conseguir saltar 17,98 metros, então recorde de Portugal. Não voltou a saltar mais longe, mas não foi superado por ninguém. Os que ficaram mais perto foram o chinês Yaming Zhu (17,57 m) e Hughes Fabrice-Zango, do Burkina Faso (17,47 m).
Amanhã, em Paris, os três medalhados em Tóquio repetem a presença na final e apenas mais um atleta, o argelino Yasser Mohammed Triki, então quinto classificado.
Em Paris, Pichardo será o terceiro a saltar, depois do brasileiro Almir dos Santos, que é treinado por José Uva, também treinador de Patrícia Mamona, e de Fabrice-Zango.
Antes desta eletrizante final acontece uma outra, a do lançamento do peso (19h37, menos uma hora em Portugal), com a portuguesa Jessica Inchude. Em relação a Tóquio’2020, Portugal volta a estar presente na final. Então por Auriol Dongmo (quarta classificada), agora por Jessica que este ano já lançou a 19,10 metros e que é 21ª nos World Rankings.
Também regressam à final, a campeã olímpica, a chinesa Lijiao Gong (2ª nos World Rankings), a norte-americana Raven Saunders (apurada mesmo no último lançamento da qualificação!), outra chinesa, Jiaiyuan Song, a neozelandesa Maddison-Lee Wesche e sueca Fanny Roos.
Presentes nesta final, mas que não estiveram na final japonesa, destacamos duas favoritas ao pódio: a canadiana Sarah Mitton (2ª nos World Rankings) e a neerlandesa Jessica Schilder (4ª nos World Rankings).
Fotos: destaque Anton Geyser COP; outras FPA / Sportmedia