Os atletas portugueses têm um grande historial nos Campeonatos Europeus de Pista Coberta, cuja 38ª edição (se não contarmos com as edições dos Jogos Europeus) se realiza em Apeldoorn, Países Baixos. Um total de 30 medalhas, das quais 17 são de ouro, são um palmarés que não se despreza, que leva Portugal a estar no 17º lugar do medalheiro de sempre, em 52 países que já conquistaram medalhas.
E, por falar em medalhas, a comitiva portuguesa integra um dos medalhados em competições internacionais no ano de 2024, o triplo-saltador Tiago Luís Pereira. No inverno passado, em pista coberta, Tiago Luís Pereira conquistou a medalha de bronze nos Mundiais de Pista Coberta, em Glasgow, num ano em que ainda foi quarto classificado nos Europeus de Roma e 10º classificado nos Jogos Olímpicos de Paris.

Este ano, em que as competições internacionais voltam a ocupar grande relevo, o atleta que representa o Sporting conseguiu a sua melhor marca (16,44 metros) na final da primeira divisão do nacional de clubes. Impunha-se uma pequena conversa com o atleta.
Para Tiago, “a medalha já foi, é passado. Já fizemos um ‘reset’, para uma nova época. Penso que, para mim e para todos, o passado ficou lá atrás, e temos de voltar a saltar o que já fizemos e melhorar. Isto é o que eu levo para mim e para os meus adversários, que têm marcas muito mais elevadas. Para mim, digo sempre que eles já saltaram, mas vão ter de voltar a fazê-lo hoje se quiserem vencer. O mesmo aplica-se a mim. Já festejámos e agora vamos por mais”.
O princípio do pensamento individual está bem presente: quando em competição pensa apenas no que pode fazer. “Sim, isso é verdade. Claro que os adversários motivam e o ambiente influencia, mas o segredo é em eu querer sempre fazer o meu melhor salto e se o conseguir fazer sei que vou estar sempre num lugar de destaque”, responde.
No entanto, esta época, o campeão de Portugal ainda não encontrou os saltos perfeitos, por isso o seu pico de forma está indeterminado entre os Europeus e os Mundiais. “Essa é uma questão que é difícil responder, porque eu, infelizmente, ainda não me encontrei e isso traduz-se nas marcas que consegui. Estou bem, estou rápido, mas ainda não consegui assimilar a velocidade que eu trago para juntar à técnica de salto. Espero, sinceramente, que este europeu seja a porta que vai abrir para os meus bons saltos e para os mundiais”, diz-nos, acrescentando que “que nós estamos a trabalhar muito bem, mas eu sou um atleta de competição. O atleta que eu sou no treino é um atleta muito diferente do atleta que encontro nas competições. Se eu fizer 100 no treino, na prova vou fazer 150 ou 200. Estou esperançado em poder alcançar uma boa marca, pela primeira vez já consegui saltar com a corrida completa, o que eu nunca saltei a vida”.
A dúvida, para ele, prende-se no facto de poder voltar a saltar 17 metros. “Já o afirmei há pouco, nas competições transformo-me, sou outra pessoa. Acredito, aliás, acreditava, que atingiria de novo os 17 metros, na minha cabeça e no que eu tenho nas pernas para saltar, acredito nessa marca”.
Antes da viragem para o triplo-salto, “que aconteceu na transição de 2016 para 2017”, Tiago, olhando para trás, não teve “o objetivo de ser olímpico. Isto foi passo a passo. Primeiro só queria ser bonzinho, depois chegou o objetivo de saltar 2,00 metros, foi então que passei a pensar em me qualificar para os europeus. Depois comecei a convencer-me que no triplo conseguiria as medalhas nos Europeus, mas ainda não foi assim. Chegou primeiro a dos Mundiais. O foco das medalhas deu-se em 2021, em que comecei a entrar nas grandes provas e comecei a conviver com os atletas do mais alto nível e percebi que há uns que são extraordinários, sem dúvida, mas também percebi que a maior parte deles e muitos dos medalhados não tinham mais qualidade que o que eu acredito ter. Ainda olhando para trás, se me perguntassem se a minha carreira acabasse hoje, diria que estava supersatisfeito com o que já fiz. Sinto que já fiz muito mais do que aquilo que que achei que um dia fosse possível, mas sou muito ambicioso e cada vez quero mais. Por isso ainda fico triste pelos dois quartos lugares em Europeus”.

Tiago Pereira entra em competição na sexta-feira, a partir das 13h40 (12h40 em Portugal), nas qualificações do triplo-salto, cuja marca de acesso direto `final é 16,70 metros.
Será um dos 20 portugueses em atuação nas magníficas instalações do Omnisport Apeldoorn a partir de quinta-feira, 6 de março. Em anexo temos um documento com a equipa portuguesa, um breve perfil, os horários da competição e o histórico da participação portuguesa.