Lisboa 2019, Lagoa 2025: as memórias e a ambição europeia de Mariana Machado

FPA Geral Notícias

4 Dez, 2025
Mariana_face

A poucos dias de voltar a competir perante o público português, no Europeu de Corta-Mato de Lagoa 2025, agendado para dia 14 de dezembro, Mariana Machado revisita o momento que marcou a sua entrada na elite continental: Lisboa 2019. Então com apenas 19 anos, a bracarense conquistou a medalha de bronze em sub-20. Entre emoções fortes, e a sensação de estar a crescer entre as melhores, aquele dia tornou-se um símbolo da sua afirmação no atletismo europeu.

Hoje, mais madura, mais experiente e dona de um percurso que inclui pódios em sub-20 e sub-23, Mariana regressa ao palco onde a modalidade a fez sonhar desde pequena. O Europeu continua a ser, diz, a sua “grande paixão”, e o desafio deste ano — lutar pela tão desejada medalha entre as seniores — cruza-se com o privilégio de competir em casa, num percurso técnico e exigente onde espera chegar na melhor forma.

Que memórias guarda do Europeu de Corta-Mato em Lisboa 2019?

Foi um momento especial. Lisboa 2019 fica marcado pela segunda medalha que conquistei a nível europeu na minha carreira – antes, nesse verão, tinha sido vice-campeã da Europa de 3000 metros – e porque foi a primeira competição em que participei junto com a equipa sénior. Desde muito nova que comecei a destacar-me entre as atletas, comecei a competir desde juvenil e integrada nos juniores, sendo a mais nova da equipa… e, é incrível, a primeira vez que competi num Campeonato da Europa, em 2019, em Lisboa, eu era a mais nova da equipa e nos últimos já cheguei a ser a mais velha.

Mas mesmo sendo uma das mais novas, isso não a impediu de chegar às medalhas…

Sim, mas lembro-me que em Lisboa perdi a medalha de prata um pouco devido às emoções… porque era muito apoio, muito apoio e eu ainda era muito nova, muito inexperiente e deixei-me levar pelas emoções. Ataquei muito cedo, ganhei distância para a Nadia Battocletti – que agora é um fenómeno do atletismo – e depois, na última descida, paguei e paguei caro e fui ultrapassada também pela eslovena [Klara Lukan]. Mas ainda assim, consegui garantir a medalha de bronze. Agora estou mais experiente, mais bem preparada para enfrentar todas as situações e emoções.

Conquistou medalhas de bronze em sub-20, em Lisboa, e sub-23, em Dublin 2021… falta a medalha no escalão sénior?

Verdade, tenho pódios em sub-20 e sub-23 e este ano gostava de conquistar como sénior. Sei que é difícil, o nível nas seniores é muito elevado, somos atletas todas muito talentosas, o nível é muito semelhante, qualquer uma das favoritas pode ganhar e será de certeza uma competição muito dura. Por isso acredito que o apoio que vai sentir-se neste Europeu será uma grande ajuda. Vou tentar agarrar o apoio do público, sem me deixar levar pelas emoções de ter os portugueses a torcer por mim.

Agora que já conhece o percurso, isso poderá ser uma vantagem?

Sim, claramente é uma vantagem. O percurso é muito técnico, ainda não tenho a certeza se é um percurso que me favorece ou não… mas temos trabalhado todos os aspetos técnicos que possam influenciar a minha corrida e o resultado. É um percurso completamente diferente de todos os campeonatos da Europa em que eu já participei e já foram alguns. É um percurso exigente, é duro, mas vai ser igual para todas, por isso vamos à luta. Acima de tudo, espero chegar na minha melhor forma e oxalá as coisas resultem como planeado.

O que representa para a Mariana correr num Campeonato da Europa de Corta-Mato?

O Europeu de Corta-Mato foi a minha primeira grande paixão no atletismo. Por isso é uma competição muito especial. Eu comecei muito nova, ao lado de atletas que eu admirava muito, como a Sara Moreira, a Jéssica Augusto, Inês Monteiro e eu muito novinha a aprender com elas, e por isso sempre foi muito especial. Eu costumo, agora, dizer às mais novas que o Europeu de Corta-Mato é muito especial porque somos todas atletas que praticamos distâncias de meio-fundo e fundo e identificamo-nos todos uns com os outros, passamos pelas mesmas dificuldades nos treinos, nas provas, etc. E por isso, o Corta-Mato continua a ser especial e continuo a adorar. Cada ano que vou ao Europeu, quando acaba já fico ansiosa pelo ano seguinte. Só não estive presente no ano dos Jogos Olímpicos – porque aí quis mesmo preparar-me para a pista para conseguir a qualificação para os Jogos – mas desde que comecei que estive em todos os Campeonatos da Europa e por isso tenho muitas recordações e duas medalhas individuais a nível Europeu de que tenho muito orgulho.

Venceu o Campeonato Nacional de Corta-Mato em Lagoa. Foi já um teste para o Europeu?

Sim, a preparação foi toda direcionada para o Campeonato da Europa, o Campeonato Nacional foi apenas um teste para o grande objetivo. Acima de tudo é um orgulho e é um gosto enorme continuar a praticar esta modalidade, que me tem proporcionado tantas experiências e momentos bons, e que só demonstra a minha resiliência e espírito de sacrifício. Ser consistente ao longo dos anos é o mais difícil nesta modalidade e, acima de tudo, mesmo com todas as dificuldades tenho conseguido ser consistente e continuar aqui. Mas fiquei muito feliz com mais um título de campeã nacional tanto a nível individual – já vão cinco – como coletivo e estou muito orgulhosa por esse feito.

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