Pedro Pablo Pichardo, o homem que fez soar A Portuguesa pela quinta vez em Jogos Olímpicos, ao sagrar-se campeão olímpico no triplo salto, foi o escolhido para ser porta-estandarte nacional, na Cerimónia de Encerramento da Olimpíada de Tóquio 2020, que decorreu hoje, 8 de agosto.
Foto destaque: World Athletics
Seguindo a tradição de entregar a missão de porta-estandarte na Cerimónia de Encerramento dos Jogos Olímpicos, a um atleta medalhado, o escolhido foi o novo Campeão Olímpico e recordista de Portugal no triplo salto, Pedro Pablo Pichardo. “Escolheu o nosso país para viver e foi o seu talento, o seu esforço e a sua entrega que fizeram com que Portugal se emocionasse com a subida da bandeira nacional”, referiu José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), durante a conferência de imprensa, na qual foi anunciada a escolha do COP.
Na Tribuna de Honra do Estádio Olímpico, o Principe Akishino e o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, viram entrar as 206 bandeiras dos países participantes, seguidas de cerca de 4500 atletas ainda presentes em Tóquio, num momento de celebração, união e paz. Por Portugal, Pedro Pichardo foi o porta-estandarte, tendo-se juntado a ele colegas das modalidades de Atletismo, Ciclismo e Canoagem. Para Pichardo foi o continuar do sonho. Após a conquista do ouro olímpico, em declarações à RTP, o português referiu: “Felicidade, muita felicidade. Estou muito feliz. Ser campeão olímpico é o máximo a que posso aspirar. É o melhor que há. Ainda parece que estou a sonhar, toda a gente quer falar comigo. Tenho de esperar uns dias para perceber que é mesmo realidade”.
A melhor prestação nacional de sempre
Na memória de Portugal ficará para sempre esta 32.ª Olimpíada, como a melhor prestação nacional de sempre em Jogos Olímpicos, com o Atletismo a conquistar duas das quatro medalhas obtidas pela equipa portuguesa. Ambas no triplo salto, Patrícia Mamona, atleta treinada por José Uva, protagonizou a primeira conquista – a de prata – com um salto de 15,01 metros, passando pela primeira vez a fasquia dos 15 metros, numa prova onde bateu o recorde nacional por três vezes. Já Pedro Pichardo saltou 17,98 metros, batendo igualmente o recorde nacional, embora, como revelou no final, a sua marca tenha ficado aquém das suas expetativas e do seu treinador, Jorge Pichardo, que, disseram em declarações à imprensa, traziam em mente, 18,60 metros de esperança em bater os recordes olímpico e mundial.
Também Auriol Dongmo, com um quarto lugar no lançamento do peso; Liliana Cá, no lançamento do disco, e João Vieira, nos 50 km marcha, com os quintos lugares históricos; protagonizaram prestações únicas nestas olimpíadas, que merecem destaque. Ana Cabecinha classificou-se na 20.ª posição, nos 20 km marcha; e as maratonistas Carla Salomé Rocha e Catarina Ribeiro terminaram, respetivamente na 30.ª e 70.ª posições, numa prova na qual Sara Moreira desmaiou e foi forçada a abandonar a competição.
Às meias-finais chegaram, numa prestação histórica, Lorene Bazolo (19.ª na geral), nos 200 metros (tendo ficado pela eliminatória nos 100 metros); e Cátia Azevedo (17.º lugar na geral), nos 400 metros. Marta Pen foi 19.ª na geral, nos 1500 metros. De referir ainda a prestação de Francisco Belo, no lançamento do peso, que, sem acesso à final, classificou-se no 16.º lugar, com a segunda melhor prestação nacional de sempre da disciplina em Jogos Olímpicos.
Pela fase de eliminatórias ficaram, do lado feminino, Evelise Veiga, no triplo salto; Irina Rodrigues, no lançamento do disco; e Salomé Afonso, nos 1500 metros. Já do lado masculino, ficaram nesta fase Nélson Évora, naquela que foi anunciada como a despedida do Campeão Olímpico em 2008 no triplo salto, da competição neste contexto; Tiago Pereira, também no triplo salto; Ricardo dos Santos, nos 400 metros; e Carlos Nascimento, nos 100 metros.
“Tivemos uma prestação muito boa dos nossos atletas, conquistámos duas das quatro medalhas que Portugal ganhou. Foram uns Jogos muito especiais, com grande dificuldade na preparação dos atletas, um esforço enorme do país para receber a competição. Os nossos atletas portaram-se extraordinariamente bem”, destacou, em declarações à Lusa, Paulo Bernardo, vice-presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, em relação à prestação nacional.
Contagem decrescente para Paris 2024
Depois de um espetáculo de luzes e som, com performances, que foram do clássico ao contemporâneo, atribuindo a esta cerimónia a grandiosidade habitual, embora este ano sem público, o presidente do COI, num discurso emotivo, falou sobre a união e a solidariedade, que estiveram na base da realização destes Jogos Olímpicos, num contexto tão difícil e sem precedentes. A esperança está em Paris 2024.
Como habitual neste certame, foi precisamente com a entrega da bandeira à presidente da Câmara Municipal de Paris, Anne Hidalgo, que se encerrou Tóquio 2020 e se iniciou a contagem decrescente para Paris 2024. Hasteadas as bandeiras, foi a vez de tocar A Marselhesa, num espetáculo que começou com as luzes das cores de França, que depois transportou os que assistiram a esta Cerimónia de Encerramento para imagens de orquestras e músicos em locais emblemáticos da cidade-luz, numa interpretação única do hino francês, que deixou todos a sonhar com Paris 2024. Do classicismo para o lema de Paris 2024 – “Desporto pela Cidade” – seguiu-se a exibição de um vídeo que, através da prática desportiva pelos telhados de Paris, incluindo break dance, que é a nova modalidade que se vai juntar ao programa olímpico na sua próxima edição, apresentou a cidade de uma forma única, para terminar com o hastear da maior bandeira alguma vez içada no mundo, junto da Torre Eiffel, com a presença de alguns dos campeões olímpicos franceses. Apagou-se a pira. Missão cumprida!
Agora é hora de recuperar, não sem antes recebermos os nossos campeões. Pedro Pablo Pichardo chega ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, amanhã, 9 de agosto, às 21h50.
Recorde a prestação lusa no link: https://fpatletismo.pt/categoria/geral/fpa-fpa/toquio-2020-fpa-fpa/