Auriol Dongmo e Mariana Machado seguem para as finais
Portugal entrou com o “pé direito” nos Campeonatos da Europa em Pista Coberta. Logo na primeira prova do programa, Auriol Dongmo conseguiu a qualificação direta para a final do lançamento do peso com a marca de 18,55 metros. A alemã Christina Schwanitz também se apurou para a final (com18,86m), mas a sensação foi a espanhola Maria Belen Toimil que alcançou um recorde nacional (18,64m).
Auriol Dongmo, que começou com uma marca de 17,78, fez depois o seu lançamento de apuramento ao segundo ensaio e disse no final da prova ter sido «um bocadinho difícil. O aquecimento foi muito em cima da prova, mas o importante é que consegui a qualificação e agora vou estar mais concentrada». Enfrentar tantas atletas de grande nível tornou a prova «difícil, mas como disse, o importante é a qualificação e amanhã é outro dia», adiantando «estar em forma e acredito que amanhã vai ser outra coisa».
Excelente também o comportamento de Mariana Machado na sua estreia em Europeus de pista coberta, confirmando as suas expetativas, baixando dos nove minutos, com um recorde nacional sub23, ao cruzar a meta em 8.59,39 minutos, na segunda meia final que registou o triunfo de Verity Ockenden (GBR) em 8.52,60 m. O anterior recorde (8.59,44) datava de fevereiro de 2002 e pertencia a Jéssica Augusto (então no Sporting de Braga).
«Foi uma prestação positiva», disse a atleta no final da competição. «Acima de tudo saio daqui com recorde pessoal, que é um bom resultado, tendo em conta que ainda sou uma atleta jovem; e com uma grande experiência destes campeonatos, que são os meus primeiros, a nível individual, como sénior. Por isso só posso ficar contente com esta prestação e ansiosa por voltar aqui com objetivos maiores», disse a atleta no final da corrida, quando ainda não sabia que tinha sido apurada para a final. É que duas das suas adversárias foram desclassificadas.
A atleta bracarense esteve lesionada, mas conseguiu recuperar bem. «Eu tenho uma qualidade que é ser forte e conseguir evoluir de forma rápida e ainda assim depois de nos campeonatos nacionais ter ganho a medalha com 9m10s, saio daqui com 8m59s, o que é um progresso muito positivo, uma vez que a minha preparação para estes campeonatos foi atribulada, com pequenos percalços na altura competitiva, que prejudicou um bocadinho o meu estado de forma, mas penso que ainda assim conseguir bater o meu recorde pessoal, é sinal de progressão e de sucesso».
Menos sucesso tiveram os atletas presentes nos 1500 metros, com Nuno Pereira a ser o que melhor prestação conseguiu nestes campeonatos, sendo 9º na sua meia-final, com a marca 3.42,38 minutos, muito perto do seu recorde pessoal (3.42,10).
Para o atleta, a prova «não correu muito bem. Não só por não ter conseguido a passagem à final, mas por ter ficado longe do meu melhor. Agora é continuar a trabalhar para estar mais bem preparado para a próxima», o atleta reforçou que o «grande foco desta época sempre esteve nos campeonatos da europa de Sub-23 e é para isso que vou continuar a trabalhar. Nunca sabemos o dia de amanhã, por isso, se tudo correr bem e conseguir uma boa preparação, espero chegar lá e estar na final da competição», concluiu o atleta.
Noutra série, também 9º classificado, Isaac Nader registava a marca de 3.44,15 minutos, longe do seu melhor. «Não correu muito bem», afirmou. «Penso que estava bem preparado, estava à espera de uma prova um pouco mais lenta e podia tirar um pouco mais de vantagem, apesar de estar bem para fazer o meu recorde pessoal. Fiquei a 3 segundos. Ficou aquém da minha expetativa. Esperava passar à final. Acho que estava pronto para isso, mas é assim, o sonho não acaba aqui, sou muito jovem ainda e tenho uma carreira pela frente. No Verão tenho os europeus de Sub-23. Espero conseguir a marca de qualificação para os Jogos Olímpicos ainda. Espero que os europeus de Sub-23 corram um pouco melhor e ambiciono uma medalha. É levantar a cabeça e o sonho não acaba aqui».
Isaac Nader também tem marca de qualificação nos 3000 metros e com este resultado abriu essa janela de participação. «No sábado vou aos 3000 tentar a qualificação. Se for um pouco mais rápido espero conseguir o recorde pessoal e bater o recorde nacional de Sub-23 outra vez».
O último atleta em competição foi José Carlos Pinto, 12º classificado com 3.56,44 minutos. «Provavelmente vinha com a minha expetativa muito elevada, de tentar pelo menos um recorde pessoal e uma ida à final. E venho aqui, corro uma marca que nunca tinha corrido, de 3m56s. Foi mau. Parece uma marca de juvenis sendo esta uma competição de seniores. Senti que nunca estive na corrida. Quer dizer, estive na corrida, mas nunca estive como eu próprio, parecia outra pessoa a correr».
Ainda desanimado afirmou que «a pista pode ter influenciado, mas não é desculpa para o meu resultado, porque não é para isso que treinamos. Aliás, perder e fazer um mau resultado é chegar a um ponto muito baixo. Daqui levo um pouco mais de bagagem para a minha vida enquanto atleta. Apesar de sermos bons lá, aqui não somos os melhores e isto vem ajudar a crescer enquanto atleta».
Fotos: Giancarlo Colombo / FPA