Emotivo campeonato, com a incerteza sobre o vencedor, que defendeu bem a sua posição e terminou com o seu primeiro título
O Campeonato de Portugal, masculino, não defraudou as expetativas e mostrou-se farto em emoções. No Parque Municipal de Vale de Cambra, a competição coletiva marcou profundamente a prova e, até à última volta, a incerteza era grande, com um grupo compacto de atletas na frente, com um ritmo muito forte.
As decisões apenas se encontraram nas últimas voltas, quando Samuel Barata resolveu “sacudir” o grupo e isolar-se. Surpreendentemente, o vencedor no ano passado, Rui Pinto, ficou para trás, com outras surpresas, estas mais positivas, a acontecerem, como a reação de Miguel Marques, do Sporting, terceiro em 2019 e 10.º em março passado, em Amora (Seixal), a ultrapassar o vice-campeão em título, Rui Teixeira, e a “importunar” Samuel Barata, que ainda tinha “gás” para se defender e cruzar a meta em primeiro lugar, com o mesmo tempo do segundo, para obter o título mais “apertado” da história de 110 anos destas Campeonatos.
Rui Teixeira ainda conseguiu subir ao pódio, mas atrás de si confirmavam-se surpresas, como o quarto lugar de Duarte Gomes (Benfica) – campeão sub-23 – à frente do mais credenciado André Pereira, ambos derrotando o último campeão, Rui Pinto, este ano uma das grandes apostas do Sporting para alcançar o título coletivo. Contudo, o Sporting não conseguiu repetir o título obtido em março passado, no Seixal, sendo superado pelo Benfica que somou menos dois pontos do que os leões. Assim, de acordo com os critérios, Sporting (campeão da época 2020/2021) e Benfica (campeão da presente época de 2021/2022) serão os representantes portugueses na Taça dos Clubes Campeões Europeus que se realizará em fevereiro no Complexo Desportivo do Jamor.
Samuel Barata, o vencedor deste ano, sagrou-se campeão de sub-20 em 2012 e campeão sub-23 em 2015, depois de ter sido quarto classificado em 2017 e 2018, obteve assim o seu primeiro título nacional em corta-mato, num ano (embora em época diferente) em que já estivera na liderança em pista e estrada, liderando os rankings nacionais.
Para ele, “este triunfo foi muito bom, num percurso que é muito enganador, parece plano, mas não é, e também é sinuoso. Sei que os adversários estavam bem preparados [estiveram em estágio de altitude, tal com o próprio Barata] e havia ainda a luta coletiva, que deixa sempre no ar alguma estratégia de desgaste para adversários. A minha ideia era correr na frente e jogar tudo na parte final. Isolei-me, mas no final, com o Miguel (Marques) a aproximar-se tive de ir buscar mais algumas energias para conseguir triunfar”.
“Foi muito importante para mim vencer este corta-mato, centenário, que já foi ganho por atletas de grande nível internacional, e foi uma forma de expressar a minha gratidão para o meu treinador Pedro Rocha, que infelizmente já não está entre nós, por todo um trabalho de dez anos que aqui mostrou mais um nível de qualidade”, disse o atleta no final, divulgando ainda que “se o selecionador assim o entender”, estará “pronto para defender as cores de Portugal nos Europeus de Crosse, daqui a duas semanas, na Irlanda”, concluiu o atleta em entrevista à RTP 2, que transmitiu as provas principais.
Absolutos masculinos (10 km): 1.º Samuel Barata (Benfica) 30 minutos e 12 segundos; 2.º Miguel Marques (Sporting) 30.12; 3.º Rui Teixeira (Sporting) 30.18; 4.º Duarte Gomes (Benfica) 30.22 (1.º Sub23); 5.º André Pereira (Benfica) 30.25; 6.º Rui Pinto (Sporting) 30.26; 7.º Alexandre Figueiredo (Benfica) 30.27 (S23); 8.º Miguel Borges (Sporting) 30.27; 9.º Paulo Rosário (Sp. Braga) 30.35; 10.º Fernando Serrão (Sporting) 30.39; 11.º Isaac Nader (Benfica) 30.44 (S23). Por equipas: 1.º Benfica, 17 pontos; 2.º Sporting, 19; 3.º Sporting de Braga, 49.
Resultados (provisórios) completos em: https://fpatletismo.pt/geral/2021/10/campeonatos-nacionais-de-corta-mato/
Texto FPA; Fotos de Marcelino Almeida e Vanessa Pais