Diário de Munique’22 – Maratonas sofridas

FPA Geral Munique'22 Notícias

15 Ago, 2022
Rui-Pinto---foto-Sportmedia---FPA

Munique (Ale), 15 de agosto – O primeiro dia de competição dos Campeonatos Europeus em Munique marcava duas finais da mesma distância, maratona, no centro da cidade. Repletas de público, as provas tiveram desfechos muito diferentes entre os portugueses.

A prova masculina, que começou uma hora mais tarde que a feminina, viu todos os portugueses chegarem ao fim, apesar das dificuldades, maiores ou menores, sentidas pelos atletas.

Não foi só calor que se fez sentir, mas um percurso difícil e inesperado, a fazer-se sentir nas pernas dos atletas. Mais do que alguns previam. Tendo iniciado a prova em grupo, os quatro atletas portugueses acabaram por se separar de acordo com as suas condições naturais. O melhor dos portugueses no final foi Rui Pinto, que terminou em 20º lugar, com a marca de 2h15m43s, vivendo uma experiência que o deixou “genuinamente feliz, ao realizar um sonho, num campeonato que foi o mais aproximado do espírito dos Jogos Olímpicos, com muito apoio do público. Isso deixou-me emocionado, não houve nenhuma passagem pela zona da meta em que não me viessem lágrimas aos olhos, portanto sinto-me realizado e sinto-me agradecido a todos os que apoiaram para chegar aqui”, afirmou.

“O resultado foi dentro do esperado. Não tinha uma marca para alcançar, mas sim corri em função de poder fazer o melhor. Na fase final senti-me bem e fui ultrapassando muitos atletas, alguns de renome. Por isso, com o 20º lugar, sinto-me muito satisfeito”, referiu.

Fábio Oliveira, um estreante, terminou em 34º lugar, com a marca de 2h18m02s, e para ele, esta corrida “Foi difícil nos últimos 5 quilómetros, senti-me bem nas primeiras voltas, saí um bocado rápido, tenho a consciência disso, mas isto são campeonatos, uma pessoa vai com o coração. Senti-me bem até ao final da terceira volta [perto dos 30 km], mas partir daí foi sempre a sofrer. Senti muitas caimbras, parei duas vezes por falta de forças. Queria mais e ainda quero, não é fácil para quem trabalha e treina ao mesmo tempo, mas quero continuar e voltar a estes palcos”.

Mais para trás ficou Luís Saraiva, que chegou a andar mais na frente, mas que terminou em 48º lugar, com 2h21m23s. “Senti o mesmo problema de Sevilha. Ía bem, mas fui obrigado a parar. Não sei se é um problema abdominal, se é hidratação e alimentação que está no ponto certo. Um desconforto abdominal, a partir dos 30 ou 31 km, que não me deixou manter o ritmo, depois as pernas deixaram de reagir e a cabeça também perde a concentração, mas é uma excelente aprendizagem para oportunidades futuras”, referiu.

Finalmente, com mais dificuldades do que esperaria, com uma chegada muito sofrida, Hermano Ferreira fechou a contagem em 55º, com 2h24m21s. “Não era assim que queria fechar a minha carreira internacional. Não foi para este resultado que eu trabalhei. Foi para muito melhor, quer em termos individuais, quer em termos coletivos, para ajudar a equipa na Taça da Europa, mas a vida de um maratonista é assim. Trabalhamos meses para um dia, em que tudo pode correr muito bem ou muito mal. Correu mal, não muito mal, mas estive aqui por mérito próprio, realizando a marca de qualificação, mas terminei com dificuldades e, se calhar, outros teriam desistido. Penso que isso seria fácil, mas torneio isto difícil”, referiu o atleta, “orgulhoso do que fui fazendo e de quem me ajudou para estar aqui. Passei momentos difíceis e esta maratona foi muito dura. Mas eu tinha que a acabar, fui pelo lado mais difícil. Espero ter motivado os meus colegas mais jovens, está neles o futuro, e quero agradecer à Federação (FPA) e pedir descupa por não ter podido corresponder dentro das minhas expetativas. Agradeço a Portugal e ao atletismo o que me deu, e espero compreendam que nós atletas trabalhamos para dar o nosso melhor, na pista, na estrada e no crosse. Toda a gente pensa em medalhas, mas só um pode vencer”, concluiu.

Em termos coletivos, a equipa portuguesa terminou no 9º lugar da classificação coletiva.

Antes da prova masculina, a corrida feminina apenas tinha três portuguesas, e a melhor acabou por ser Susana Cunha, que terminou em 50º lugar, com a marca de 2h51m14s.

“Foi com entusiasmo que iniciámos a prova e como ela decorreu, obrigando a adaptar-nos às condições encontradas. Foi momento de aplicar tudo o que aprendemos no treino, com a necessidade de chegar ao fim”, referiu a atleta realçando o facto da existência de muito público, “que foi um grande alento para chegar ao fim. As condições eram adversas, mas a motivação que recebemos de fora, com muitos portugueses a puxar por nós, deu mais força para concluir”.

Presentes na prova, Solange Jesus foi obrigada a abandonar aos 18 quilómetros, tendo mesmo desfalecido, sendo prontamente ajudada, e Sara Moreira também abandonou depois dos 22 quilómetros, com dores na perna.

Resultados completos na página da European Athletics.

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