Duas medalhas de ouro, por Pedro Pichardo e Auriol Dongmo, dois recordes de Portugal (triplo e 60 metros), mais três finalistas, Tiago Pereira, Jessica Inchude e Arialis Martinez, e Portugal lidera o medalheiro e igualou a segunda melhor prestação de sempre em Campeonatos Europeus em Pista Coberta. Tudo isto no segundo dia de provas em Istambul!
Grande jornada para as cores portuguesas. Dois dos títulos que se defendiam foram conquistados, o primeiro, no triplo, por Pedro Pichardo que apenas precisou de dois saltos válidos para colocar a concorrência em sentido. Fê-lo primeiro com um salto de 17,26 metros, depois melhorou para 17,60 metros! Recorde de Portugal, melhor marca mundial do ano e o seu segundo título, por sinal na prova que Portugal venceu quatro vezes nas cinco últimas edições: por Nelson Évora em 2015 e 2017, agora por Pichardo, o único a passar os 17 metros.
Nesta final, também um a boa prestação de Tiago Pereira, que terminou com 16,51 metros, o seu melhor deste ano, a seis centímetros da medalha de bronze.
No final da prova, Pichardo admitiu que este foi um concurso tranquilo. «Esperava ter mais concorrência. Assim tudo seguiu tranquilo. Fiz um bom primeiro salto, para me sentir melhor e depois tentei um salto maior, felizmente consegui». O português, para já, não tem concorrência a nível europeu. «Temos na Europa alguns naturalizados, que quando puderem competir vão aumentar a exigência. Eu espero, e trabalho para isso, estar em bom nível quando isso suceder», disse Pichardo, que ainda não sabe se pode fazer uns dias de férias, «pois o nosso foco na época de ar livre também é muito importante, pois quero continuar a somar títulos e grandes saltos», concluiu satisfeito com mais um sucesso.
Já Tiago Pereira deixou a Atakoy Arena «frustrado. Ficar ali tão perto das medalhas… O salto que consegui ao quarto ensaio, em cima dos 16,50 m, era o que pretendia fazer a abrir o concurso. Mas não deu. Depois foi “correr atrás do prejuízo”. As marcas que deram as medalhas estão ao meu nível e eram possíveis. Não vou ao pódio e sou eu o único culpado. Ainda estou a procurar os tempos certos dos saltos e sinto que bastava o meu melhor para estar lá em cima, no pódio». Agora, apesar de tudo, os indicadores para a época ao ar livre estão lá, «e são bons», concluiu.
Ao mesmo tempo desenrolava-se a final do lançamento do peso e a campeã em título, Auriol Dongmo, para defender a sua posição abriu logo o concurso com um lançamento de 19,63 metros! Ninguém mais chegou aos 19 metros e Auriol ainda melhorou para 19,76 metros (e ainda fechou com outro a 19,38 e o último com 19,62!).
Depois foi observar o concurso, com Jessica Inchude a estar em posição de medalhas, com 18,33 metros, num concurso com mais três lançamentos acima de 18 metros), mas ultrapassada por concorrentes com melhores marcas e experiência. No final, o quarto lugar a sete centímetros do pódio!
A bicampeã europeia Auriol, assumiu que o concurso foi difícil para si. «Tinha muita pressão em cima. A minha época tem sido muito difícil e tinha essa responsabilidade de defender o título. No decorrer da semana passada, houve um treino que me deixou mais confiante e foi com esse pensamento que eu continuei. Lançamentos acima de 19,50 dão muita motivação e eu queria muito, na minha cabeça, chegar aos 20 metros. É aí que eu sinto que tenho de estar», respondeu, fechando a época «muito feliz e satisfeita com o que fiz, sabendo que tinha uma grande responsabilidade. Estava muito nervosa».
Já Jessica Inchude resume a sua prestação com «ficar em quarto lugar é a minha medalha!». Contentíssima, a atleta refere que «esta foi a minha melhor prestação em campeonatos deste nível. Provei a mim mesma que consigo lidar com esta pressão de lançar mais. Confesso que é ainda duro olhar o quadro e ver que elas estavam a lançar mais e eu tinha de responder, mas estou muito feliz com este meu resultado».
E se Jessica estava feliz, mais ainda estava Arialis Martinez , que correu a final dos 60 metros terminando em quinto lugar com a marca de 7,17 segundos, igualando o recorde de Portugal de Lorene Bazolo. «Que posso dizer? Depois de ter feito 7,24 na eliminatória e na meia-final, chegar à final e bater o meu recorde pessoal e igualar o recorde de Portugal é fantástico. Sinto que melhorei bastante e isso trouxe-me tantas emoções que tenho a certeza de não conseguir dormir!», afirmou a atleta.
A jornada da tarde começou precisamente com as meias-finais dos 60 metros femininos e foi precisamente na última que surgiu o melhor resultado, com o apuramento para a final, por tempos, por Arialis Martinez, que terminou na quarta posição, com 7,24 segundos, sendo a segunda das apuradas por tempos.
Arialis beneficiou de uma série muito rápida, mas não partiu bem. «Confesso que estava muito nervosa. Senti muita pressão, de que tinha de chegar à final, que não podia falhar, e os primeiros metros mostraram isso. Depois entrei na minha corrida e felizmente consegui o apuramento», referiu a atleta ainda num turbilhão de emoções. «Estou muito agradecida e contente por ter conseguido alcançar este objetivo, a final, porque era o mais importante. Agora quero entrar menos nervosa e correr ao melhor nível. Vou dar tudo mais logo na final!», concluiu a atleta.
Antes tinham corrido as outras duas portuguesas, que não conseguiram seguir em frente. Rosalina foi 5ª na primeira meia-final, com 7,35 segundos, e Lorene Bazolo foi 7ª na segunda meia-final, com 7,34 segundos. Para Rosalina, «as condições são iguais para todas, mas não consegui estar bem aqui. Tecnicamente não consigo reconhecer a minha corrida. Não estive tão bem como queria, mas a verdade é que cheguei à meia-final», referiu, com os olhos postos no futuro, «com os Mundiais de Budapeste na minha mente, com a certeza de que tentarei melhorar as minhas marcas em 100 e 200 metros».
Já Lorene Bazolo mostrava-se desgostosa e orgulhosa. «Parece impossível, mas momentos antes de começar a correr estava a sentir uma cãibra e pedi para esperarem um pouco, mas foram inflexíveis e disseram ou corre ou desiste. Trabalhei tanto que não era ali que ia desistir. Se me tivessem dado um momento eu conseguia ultrapassar isso, mas não, tive de correr, muito contraída, com medo de que pudesse lesionar-me. Ainda assim acho que até acabou por ser um bom resultado, mas é claro que esperava mais. Agora é virar as atenções para a época ao ar livre», concluiu a recordista nacional.
Pouco depois foi o momento de João Coelho correr a meia-final dos 400 metros. Se na eliminatória já lhe tinha calhado uma má pista, agora partiu na pista um. Apuravam-se os três primeiros de cada uma das meias-finais e o recém recordista de Portugal foi quinto classificado, com 46,69 segundos. «É mesmo azar, mas temos de acartar com as consequências continuar a trabalhar, acreditando no sucesso», referiu o atleta, fazendo notar que «na época de pista ao ar livre corro melhor. Definitivamente não sou um corredor de pista coberta. Não consigo acelerar nas curvas. Infelizmente não temos pista coberta em Portugal para treinar diariamente, que é o que necessitamos para estarmos nas mesmas condições deles». Para a época que aí vem, «apesar de tudo, estes são os melhores indicadores que poderia ter para me motivar mais», concluiu o quatrocentista português.
No salto em altura, Gerson Baldé saltou 2,14 metros e ficou num 9º lugar partilhado com mais três atletas e assim ficou fora da final. Se tivesse igualado o seu melhor deste ano (2,19 m) poderia alcançar a final!
«É verdade, fiquei muito perto. Estive sempre a receber bom apoio, sentia-me bem, mas não consegui melhor e fiquei à beira de chegar à final», referiu o atleta que no início fez um primeiro salto nulo… que foi anulado! Na verdade, a fasquia ficara à altura do aquecimento (2,15 m) e o português começava a 2,08 m. Detetado o erro os juízes falaram com o atleta e permitiram-lhe recomeçar na altura certa, que passou claramente. «É verdade que não dei por isso, ainda tentei saltar e até estava a sentir-me bem», re3feriu o atleta com olhos já na temporada de verão.
Na final dos 3000 metros, pouco antes de metade da corrida estar cumprida, Mariana Machado abandonou a prova.