Diário de Paris – dia 2: Irina Rodrigues foi a atleta em maior destaque na tarde deste segundo dia do atletismo nos Jogos Olímpicos de Paris’2024, ao assegurar a sua presença na final do lançamento do disco
Irina fechou a sua participação no quinto lugar do grupo B, com a marca de 62,90 metros e estava visivelmente emocionada no final da sua prova. “É um sonho tornado realidade, estou muito feliz e emocionada, com este momento. Pedi muito a Deus que este dia chegasse, depois de um ano muito difícil, tem ainda mais sabor, porque trabalhar e treinar não é fácil. Muitas vezes não apetecia ir para o treino, mas a mudança para a Ilha Terceira, este início de trabalho como médica deu-me mais resiliência, e muita fé de que as coisas poderiam um dia correr bem”, afirmou, reconhecendo ter sido um ano fantástico, com bons resultados desportivos. “Consegui ser finalista europeia e ir à final olímpica é o topo. Muitos amigos me disseram que este seria um ano bom e na final tudo pode acontecer. Sei o que trabalhei e acho que a minha época já está ganha. Felizmente estou a colher o que o meu treinador sempre me disse, ‘semeia, filha, semeia, que um dia os frutos deste trabalho aparecem’, e no qual sempre acreditei”.
Agora é recuperar bem para a final do lançamento do disco, na próxima segunda-feira, às 20h30 (hora de Paris).
A mesma sorte não teve Liliana Cá. Liliana Cá participou no primeiro grupo de qualificação do lançamento do disco (mais de uma hora antes do segundo grupo), terminando na sexta posição com a marca de 62,43 metros. Uma classificação que deixa sempre alguma ansiedade, pois o segundo grupo tem essa vantagem de conhecer os resultados anteriores.
Aceitando estar algo débil, “devido a uma pequena constipação”, Liliana afirmou que sentiu a necessidade de fazer lançamentos mais controlados, “pois eu sei que controlada eu lançaria mais de 60 metros, foi o que fiz e agora espero estar na final”, acrescentou, “Espero agora recuperar bem para na final estar ao meu melhor nível”, concluiu.
Infelizmente Liliana, medalha de prata no Europeu de Roma e quinta classificada nos Jogos de Tóquio’2020, não conseguiu o apuramento, já que no segundo grupo várias atletas fizeram melhor marca, deixando-a a dois lugares e a 11 centímetros da final olímpica.
Antes, no início da jornada vespertina, Mariana Machado correu a meia-final dos 5000 metros femininos e ficou a três lugares do apuramento direto para a final, terminando no 11.º lugar, com a marca de 15m23s26”.
40 anos depois de a sua mãe se ter estreado como olímpica, Mariana Machado cumpriu agora o seu sonho de ser olímpica e, durante a corrida, conheceu um “sentimento especial. O público fez-se sentir de uma forma arrepiante, senti-me muito bem ao longo da corrida, tenho pena que a prova tenha sido muito tática, senti que estava em grande forma, as sensações foram muito boas, mas os ritmos da corrida são coisas que nós não controlamos, senti que não estava na altura de estar na frente da corrida e impor um ritmo mais rápido, que me favorecesse. Ainda assim tive boas sensações, acabei forte, mas tenho pena de não sair daqui com um resultado objetivamente melhor. Tenho a noção e a perfeita certeza de que estou a valer o meu recorde pessoal, e acho que isso foi provado com o que fiz nas últimas voltas, em que derrotei atletas com recordes pessoais melhores que o meu”, afirmou, declarando ainda que sai de Paris com “uma boa aprendizagem, uma experiência muito boa, e com um desejo muito grande de voltar”, concluiu, não sem antes dizer que, “estando entre as melhores, ainda não estou entre as melhores das melhores, passe a expressão. Só tenho de continuar a trabalhar para lá chegar”.
No final do dia, os dois portugueses presentes nas qualificações do lançamento do peso, também não conseguiram o apuramento para a final. Tsanko Arnaudov esteve melhor, sendo nono classificado no primeiro grupo, com a marca de 20,31 metros, que o deixa como semifinalista no 16º lugar da geral. Já Francisco Belo fez três ensaios nulos no grupo B.
“Obviamente não era este o desfecho pretendido, queria mesmo ir à final. Mas, na verdade estou consciente de que estar aqui já é um grande feito. Há outras modalidades e desportos que podem ir 60 ou 70 e nós só podemos ir 32. Somos um grupo muito seleto. Mas estar aqui, só por si, não é suficiente. Como o que eu pretendia era chegar à final, e sabíamos que para o fazer tinha de lançar a melhor marca do ano, dei tudo e arrisquei para o fazer, nas não consegui”, afirmou Francisco Belo, que assim não conseguiu melhorar a anterior prestação.
Quanto a Tsanko Arnaudov, também se mostrava satisfeito por estar nos Jogos Olímpicos, “ultrapassando uma fase muito difícil, pois a partir de maio comecei a treinar sozinho, e só lamento não ter podido tomar outras decisões na altura. A verdade é que não lançava tão longe desde 2017. Esse foi o meu primeiro objetivo. Ser semifinalista é uma consequência do meu trabalho, só se consegue estando cá. Felizmente um elemento do COP marcou-me ao dizer-me que o importante é soltar a âncora e vir para o alto mar. E aqui estou eu, de novo entre estes ‘tubarões’, a sentir-me um pouco como eles.
Pedro Buaró é o português do terceiro dia
Com o desfecho dos lançadores do peso, apenas um português entrará em ação, Pedro Buaró, na qualificação do salto com vara, integrado no grupo B. O recordista de Portugal, que garantiu a qualificação direta para os Jogos com a marca de 5,82 metros, tem uma progressão destacada desde o ano de 2022, quando era 186.º nas listas do ano com 5,35 metros, melhorando no ano seguinte para a 52ª posição, com 5,65 metros, e que este ano estão no grupo dos 15.ºs do ano com a sua já citada marca de 5,82.
Para se apurar para a final, Pedro Buaró tem de saltar acima dos 5,80 metros ou ficar nos 12 primeiros no conjunto dos dois grupos.
Fotos FPA / Sportmedia (excepto a de Mariana Machado)