Começou bem a primeira jornada de competição dos Campeonatos Europeus de Pista Coberta, que se está a desenrolar em Apeldoorn (Países Baixos) com a dupla qualificação das duas portuguesas nas meias finais dos 1500 metros, com a passagem de Isaac Nader, na mesmo prova, para a final masculina, e o apuramento de Gerson Baldé para a final do salto em comprimento com a melhor marca da noite.
Primeiro Patrícia Silva, numa corrida muito personalizada, sem receios, assumindo, quando teve de ser a liderança, “sobrevivendo” aos empurrões numa pista com curvas muito longas e uma reta da meta muito curta, que não permite deixar tudo para o fim. No momento certo, Patrícia foi em busca da felicidade, controlou a prova e cortou a meta em terceiro lugar, com a marca de 4m13s93” (sétima no conjunto das nove finalistas).
Patrícia Silva cumpriu o seu primeiro objetivo, ao passar para a final. “Estava à espera de que a corrida fosse um pouco tática, com um fim mais acelerado, claro que essas voltas finais mais aceleradas nos cansam um bocadinho, mas acho que foi uma prova ideal”, disse a atleta, pronta para a recuperação e para mais uma corrida. “Tenho a certeza de que todas estamos preparadas para correr mais que uma vez e o que eu espero para final é estar na minha melhor forma de sempre”, concluiu.
Logo na série seguinte, foi a vez de Salomé Afonso correr para a final. Numa série com uma das principais favoritas, a britânica Georgia Bell, a portuguesa terminou em terceiro lugar com a marca de 4m11s82” (terceira entre as nove finalistas).
Objetivo cumprido também para Salomé Afonso. “Antes de entrarmos nesta prova, eu e o Enrique [Pascual, o treinador] dizemos sempre que esta é a mais difícil. No fundo, teoricamente era acessível passar, mas nunca se sabe, tudo pode acontecer, toda a gente vem aqui com um sonho, ter esta prova feita, é um alívio imenso, embora à partida pensasse que não iria ser um desafio demasiado forte”, afirmou a atleta.
Agora, para a final, “não tenho dúvida nenhuma que estou na minha melhor forma, acho que fizemos um trabalho de crescendo até aqui. Os resultados anteriores foram bons, mas sei que estou ainda melhor, claro que tudo pode acontecer, voltamos ao mesmo, são nove na final, todas com o mesmo objetivo. Só quero ser eu mesma, a Salomé Afonso e tudo pode acontecer amanhã”, concluiu.
As duas portuguesas voltam a correr amanhã, na final dos 1500 metros, a partir das 21 horas (20 horas em Lisboa).
Em masculinos, Isaac Nader, na segunda das meias-finais, apurou-se para as meias-finais. Na mais lenta das três corridas, Nader mostrou estar em grande momento, soube aguentar os ataques para, na volta final, ser ele a vir para a frente e a triunfar em 3m42s32”, para não haver dúvidas.
No final, assume o peso da responsabilidade: “esta é uma prova internacional, quando corremos com esta cor, com esta camisola é sempre diferente, é diferente de um meeting, carregamos uma nação, um país, e damos o nosso melhor. Na pista, hoje ganhou o “melhor” da série, mas efetivamente o objetivo era passar. Os últimos 20 metros foram folgados, a abrandar. Espero uma final difícil, a primeira tem mais nervos, mas apesar de desfrutar, estarão lá os nove melhores”, afirmou.
O atleta português alinhará na final dos 1500 metros, com partida marcada para as 21h15 (20h15 em Lisboa).

Antes dele correra Nuno Pereira, que foi na série que acabou por ser a mais rápida, com o recordista mundial e europeu, o norueguês Jakob Ingebrigtsen, No final, com um sprint poderoso, Nuno Pereira deu tudo para chegar à final, mas ficou no quarto lugar (apenas passavam os três primeiros). Marcou 3m38s25”, a quarta melhor marca entre todos os atletas.
A tristeza de não ir à final estava estampada na face. “Nestas provas todos os pormenores contam, fui o último a entrar pelo ranking nesta competição, no papel era dos piores atletas aqui, mas sabia o estado de forma em que estou e que isso não refletia bem o meu valor. Tentei fazer uma tática mais conservadora, acho que executei o plano quase na perfeição, mas na última curva cometi um erro que me custou a qualificação para a final, é muito frustrante. Ainda assim tenho de estar contente por estar aqui e na luta com os melhores da Europa, mas a maneira como fico fora da final por apenas quatro centésimos é frustrante”, afirmou.

Pouco tempo tinha passado desde as meias-finais e já começava a qualificação do salto em comprimento. Passavam à final os atletas que ultrapassassem os oito metros. Primeiro a saltar, Gerson Baldé mostrou ao que vinha e arrumou a questão com um salto de 8,11 metros. E assim que foi possível saiu da pista do Omnisport.
Na zona mista, Gerson não hesita, admitindo que a qualificação logo ao primeiro salto “é um bom indicador. Nestas competições entro sempre confiante, um pouco nervoso, mas a saber que a qualificação era possível e muito acessível”. Igualando a sua melhor marca do ano, a perspetiva é a mesma de todos os atletas. Aqui a minha ideia é lutar pelas medalhas. Mas vamos ver o que vai dar”, diz o atleta que encontrou alguns dos adversários de há dois anos… no salto em altura. “Alguns deles vieram cumprimentar-me, foi um pouco estranho, mas agora estou de corpo e alma no salto e comprimento”, concluiu.

A final do salto em comprimento está marcada para amanhã às 20h34 (19h34 em Lisboa).
O último atleta a competir foi Abdel-Kader Larrinaga. Na primeira das eliminatórias dos 60 metros barreiras terminou em quinto lugar com a marca de 7,79 segundos. O apuramento direto não foi conseguido e o apuramento por tempos ficou comprometido logo após a segunda eliminatória, mais rápida.
“Acontece, nas barreiras, o mínimo erro é fatal. Deu para ver que estava na luta, tentei ir mais rápido, para chegar aos três primeiros e conseguir a qualificação direta, mas bati na última barreira e já não consegui esse apuramento direto. Resta a esperança do apuramento pelos quatro melhores tempos”, disse, mas logo depois verificou que tal não era possível.

O dia de amanhã
A jornada da manhã, para os portugueses, começa com a quatrocentista Carina Vanessa. A sportinguista, que está a atravessar a sua melhor fase, estabelecendo há pouco tempo um recorde pessoal (52,98 segundos), com a conquista do título nacional, corre na quarta série de qualificação (12h19, menos uma hora em Lisboa, 11h19). Para continuar em competição terá de ficar num dos dois primeiros lugares ou tendo um dos dois melhores tempos restantes.
Pouco depois começam as provas masculinas. Cinco séries, apurando-se para as meias-finais (tal como em femininos), os dois primeiros de cada corrida e os dois melhores tempos seguintes. Logo na primeira série (12h45, menos uma hora em Lisboa) surge Omar Elkhatib (46,92 segundos, como melhor esta época), que correrá na pista 1. Já Ericsson Tavares (46,72, melhor da época), corre na segunda série, na pista 2 (12h53, menos uma hora em Lisboa), Já João Coelho, recordista e campeão de Portugal, alinha na terceira série (13h01, menos uma hora em Lisboa), na pista 3.
Pouco mais de meia-hora depois, Tiago Luís Pereira (16,44 metros, esta época) enfrenta a qualificação para a final do triplo-salto. Apuram-se os atletas que saltarem 16,70 metros (ou mais), ou os oito primeiros classificados na qualificação.
Como ver e acompanhar
Relembramos que, em termos de informação, para além da nossa página oficial e das redes sociais, centrada na presença portuguesa, poderá seguir os Campeonatos na página da European Athletics (https://www.european-athletics.com/home/news/where-to-watch-apeldoorn-2025-european-athletics-indoor-championships).
Quanto a transmissão televisiva, ela será assegurada pela RTP, em território nacional, enquanto os portugueses em todo o mundo poderão seguir as provas com língua portuguesa através do canal próprio da EBU (com ligação à RTP) (https://eurovisionsport.com/explore/competition?id=Generic-Schedule-Landing-Page&cId=20250306EAApeldoorn&utm_campaign=Apeldoorn2025&utm_medium=federation&utm_source=Portugese%20Athlteics%20Federation).
Fotos FPA / Sportmedia