Portugal faz história e conquista prata inédita na estafeta mista do Europeu de Corta-Mato

FPA Geral Notícias

14 Dez, 2025
Podio_Estafeta_Marcelino_Almeida

A estafeta mista portuguesa viveu um momento histórico no Parque Urbano do Parchal, em Lagoa, Algarve, ao conquistar a medalha de prata, a primeira de sempre para Portugal desde que esta disciplina foi introduzida no Campeonato da Europa de Corta-Mato, em 2017. O feito ficou selado na última volta, com um final de enorme qualidade de Isaac Nader, sob forte pressão competitiva e com o apoio vibrante do público.

O instante simbólico da conquista ficou marcado pelo beijo de Salomé Afonso a Isaac Nader, mal o algarvio cortou a meta, coroando uma recuperação decisiva que colocou Portugal no pódio. A seleção nacional terminou com o tempo de 17m16s, apenas superada pela Itália, bicampeã europeia, que venceu com 17m12s. A Grã-Bretanha foi bronze com o tempo de 17m17s.

Portugal apresentou uma formação de grande nível, composta por atletas com currículo internacional recente. Patrícia Silva, campeã nacional dos 1500 metros e medalha de bronze nos 800 metros no último Campeonato do Mundo de pista curta, na China, abriu a estafeta. Com uma volta sólida, concluiu o seu percurso em 4.09, no nono lugar, em igualdade de tempo com a Polónia.

Seguiu-se Rodrigo Lima, num segmento particularmente exigente face à rapidez e densidade do grupo. Cumprindo o plano estratégico delineado pela equipa técnica, manteve-se competitivo e entregou o testemunho a Salomé Afonso no 12.º lugar, preservando Portugal na luta pelos primeiros lugares.

Coube depois a Salomé Afonso, medalhada de prata e bronze nos recentes Europeus de pista curta, em Apeldoorn, protagonizar uma das recuperações mais marcantes da prova. Com enorme garra e autoridade competitiva, ganhou sete posições, colocando Portugal já em quinto lugar antes da última passagem de testemunho.

A partir daí, o ambiente tornou-se elétrico. O público percebeu que Isaac Nader tinha condições para lutar pelas medalhas, e o apoio vindo do exterior da pista foi decisivo. O campeão do mundo controlou o esforço, ganhou posições na fase decisiva e garantiu a medalha de prata, ainda avaliando a possibilidade de discutir o ouro, embora o atleta italiano já estivesse destacado.

Com este resultado, Portugal regressa às medalhas nos Europeus de Corta-Mato. O último pódio remontava ao bronze de Mariana Machado em sub-23, e a última medalha de prata coletiva datava de 2010, em Albufeira, sublinhando o carácter histórico do feito agora alcançado em Lagoa.

O que disseram

No final, os protagonistas não esconderam a emoção.

Patrícia Silva
“Antes da prova estávamos todos nervosos, temos sempre o peso de sermos uma boa equipa e estarmos a correr em casa, mas tornou-se mais fácil sabendo que temos uma superequipa… mas a palavra do dia para mim é agradecida por termos a oportunidade de correr numa equipa como esta e de poder ganhar a primeira medalha para Portugal numa estafeta mista, sendo em casa e ao lado dos meus companheiros teve um sabor muito especial”.

Rodrigo Lima
“Senti muito o apoio dos portugueses ao longo do percurso. Tive de começar muito rápido e sabia que o percurso era duro, recebi o testemunho da Patrícia bem, em sexto ou sétimo creio, tive de manter-me no grupo mesmo sabendo que eles eram mais rápidos, tentei acompanhar e ganhar posições e metros, manter o grupo porque sabia que os dois últimos percursos seriam muito fortes. Nunca baixei os braços, mas sabia a responsabilidade que tinha de entregar bem, bem posicionado”.

Salomé Afonso
“Numa equipa não há estrelas, somos todos a estrela, a equipa de Portugal. Acho que todos entrámos com esta tentativa de dar o nosso melhor e sermos o mais competitivos possível e foi o que conseguimos, o resultado final foi a soma do esforço de cada um. A partir do momento em que passei o testemunho ao Isaac sabia que era possível um pódio, restava saber qual. Já começa a ser um hábito esperar pelo Isaac a torcer pelos pódios, mas não tinha dúvidas que ele poderia fazê-lo e foi um momento muito especial conseguir este resultado em casa e oxalá continuemos juntos e individualmente a conseguir resultados positivos para o nosso País.

Isaac Nader
“É sempre importante correr em Portugal, e pessoalmente correr no Algarve e sentir o apoio dos portugueses para mim é muito especial, e é importante sentir e saber gerir este tipo de emoções de forma a não nos excedermos e dar tudo na primeira parte da corrida, desgastando para o resto. Foi isso que tentei fazer, sabia que que queria chegar à frente o mais depressa possível, mas não demasiado depressa para não pagar a fatura no final.
Não deixa de ser um corta-mato e um erro na pista pagamos essa fatura. No final fomos segundos, a Itália era muito forte, é campeã pelo segundo ano consecutivo. Mas acho que noutro momento e mais à frente nós também conseguiremos chegar ao ouro, mas já é muito bom atingirmos a prata, estou muito feliz por nós e por Portugal.”

Fotos FPA / Sportmedia e Marcelino Almeida

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