Diário dos Europeus: Auriol Dongmo campeã da Europa

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29 Jun, 2021
Auriol_Dongmo

Auriol Dongmo campeã da Europa: cinco centímetros de fé chegaram para a medalha de ouro no lançamento do peso, quase os que faltaram a Francisco Belo para subir ao pódio.

Auriol Dongmo encontrou-se com o destino em Torún, na Polónia, ao conquistar a medalha de ouro no lançamento do peso dos Campeonatos da Europa em Pista Coberta. Com a marca de 19,34 metros, a atleta portuguesa deixou para trás a sueca Fanny Roos, que bateu o recorde nacional (19,29 metros).

Última a lançar, a recordista nacional começou com um ensaio nulo, vendo as suas opositoras a lançar mais de 18 metros, até que ao segundo ensaio meteu a concorrência em sentido com um “tiro” a 19,21 metros. Depois, confirmou com 19,07, 19,08 e melhorou para 19,34 metros, finalizando como começou, com um nulo. 

A nova campeã da Europa entrou na competição um pouco nervosa, por ser “a primeira vez em Europeus”. No entanto, no final da competição, a atleta disse estar “muito feliz, por chegar e conquistar o ouro!” Pelo meio, o recorde nacional obtido pela sueca Fanny Roos (19,29 metros) deixou-a a pensar. “Olhei para ela e para a marca e disse para mim ‘Auriol’, o primeiro é o teu lugar, não é de mais ninguém, e lancei com isso na minha mente”, referiu a atleta, que agradeceu: “A fé e à devoção a força que me mantém nesta luta, neste trabalho, que não é só por mim, mas também pelo meu filho e pelo meu treinador [Paulo Reis] que fez muitos sacrifícios para que eu possa estar a este nível.”

Treinador que, desta vez, estava menos nervoso do que é habitual. “Sim, ele costuma ser muito interventivo, grita em apoio, mas hoje estava muito tranquilo e passou-me essa tranquilidade”, disse, considerando que a sua série de resultados, com quatro marcas acima de 19 metros, podia ter sido melhor. “No aquecimento fiz um lançamento bem acima dos 19,80 metros, mas o que importa é que consegui a medalha e logo a de ouro!”, referiu Auriol Dongmo.

Agora, o importante é continuar o trabalho com vista ao seu objetivo, “os Jogos Olímpicos, onde quero estar em boa forma. Que boa forma? Tenho o objetivo de alcançar os 20 metros ainda este ano”, concluiu a atleta.


No final, ouro para a portuguesa, prata para a sueca e o bronze para a alemã Christina Schwanitz, campeã mundial em 2015, campeã europeia ao ar livre em 2014 e 2016 e indoor em 2013, que no último lançamento, de raiva, chegou aos 19 metros (19,04).

Francisco Belo em quarto lugar com recorde nacional

Francisco Belo aproveitou as horas entre a qualificação e a final para descansar, dormiu, e entrou novamente em competição com vontade de marcar posição. Abriu com um nulo, mas depois “explodiu” com um lançamento a 21,28 metros, recorde nacional em pista coberta e marca de qualificação para Tóquio. Estava na frente do concurso e agora os adversários tinham de arriscar… e arriscaram e conseguiram. Num concurso fantástico, Tomas Stanek (República Checa) lançou 21,62 metros no quinto ensaio, o polaco Michal Haratyk lançou 21,47, respondendo a Francisco Belo e a Filip Mihaljevic (Croácia), que lançara 21,31 metros ao terceiro ensaio, com o português a repetir o quarto lugar de Glasgow!

“Fica o tal sentimento, de alegria e tristeza. Alegre por bater o recorde nacional, com a qualificação para Tóquio, que são o corolário do trabalho feito ao longo dos anos e especialmente da preparação para este momento. Triste, porque, como em Glasgow, voltei a ficar em quarto lugar, ultrapassado pela mesma pessoa. Mas, uma vez mais, provou-se o que disse de manhã, lancei longe, mas eles lançaram mais!”, referiu o atleta que prefere salientar as coisas positivas, sentindo que “faltou a cereja no topo do bolo, subir ao pódio, ver a bandeira”.

Apresentando sinais de rouquidão, refere ser “característico de boas provas, por isso, se perder a voz é porque fiz o lançamento perfeito”. Para o atleta treinado por Vladimir Zinchenko, “é bom estar cá e mostrar-me no melhor palco da Europa… Consegui quatro objetivos no mesmo dia: recorde pessoal e passar dos 21 metros, de manhã, depois, bater o recorde nacional e conseguir a qualificação para Tóquio»”

E é já nessa realidade em que tem de pensar. “Já não há ansiedade, de procurar qualificação, mas existe a preocupação de fazer um bom trabalho”, afirmou, concluindo: “Foi um dia bom, para mim, apesar de ter falhado a medalha, e para os lançamentos de Portugal [referindo-se à medalha de ouro de Auriol Dongmo].”

Mariana Machado 11.ª na final dos 3000 metros

Enquanto decorria o concurso do peso, corria-se a final dos 3000 metros femininos, com a presença de Mariana Machado. A jovem treinada por Sameiro Araújo, terminou na 11.ª posição, com a marca de 9.19,61 minutos, demonstrando alguma dificuldade.

“Nunca estive na corrida, não deu para fazer melhor”, referiu a jovem, admitindo que tinha seguido o ritmo muito forte de início e que isso contribuiu bastante para o resultado final. “Tive noção disso a meio da prova, mas já era tarde”, referiu.

Apesar deste resultado, “que está longe do que posso fazer, nestas condições, até com a lesão que tive antes dos Campeonatos de Portugal, saio contente. Consegui baixar dos nove minutos ontem, bati o recorde nacional de esperanças e cheguei à final da minha primeira competição. Imaginem se estivesse a 100 por cento, como seria! É o chamado sentimento agridoce, mas tenho apenas 20 anos e ainda posso tentar mais e melhor nestes palcos”, concluiu.

Amanhã, os Campeonatos da Europa em Pista Coberta continuam com as qualificações de triplo-salto feminino, 60 metros e 3000 metros masculinos com presenças portuguesas.

Fotos: Giancarlo Colombo / FPA

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