Teve hoje início o ciclo “Conversas do Centenário”, iniciativa que faz parte do programa-satélite da Exposição do Centenário da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), que está patente até 20 de novembro, no espaço atmosfera m, na Rua Castilho, N.º 5, em Lisboa. Os treinadores Carlos Tribuna e Luís Herédio, conduzidos por António Fernandes, exploraram o tema “Dos confinamentos obrigatórios aos recordes de Portugal de Leandro Ramos e Liliana Cá.”
A partir da plateia, o recordista nacional do lançamento do dardo, Leandro Ramos, atleta do Sport Lisboa e Benfica (SLB) treinado por Carlos Tribuna, também participou numa conversa que foi muito além da forma como este atleta e o seu treinador e de como Luís Herédio e a sua atleta Liliana Cá, do Novas Luzes, fintaram os desafios impostos pela pandemia de Covid-19, responsável pelos confinamentos obrigatórios que todos vivemos. Dos lançamentos no quintal de Carlos Tribuna até ao recorde nacional, treinador e atleta foram unânimes a identificar o foco, a motivação e o apoio mútuo de uma relação de confiança desde os 12 anos de Leandro Ramos, como os fatores decisivos para o atingir deste grande objetivo de ambos.
A pandemia também foi muito desafiante para Luís Herédio e Liliana Cá, neste caso numa relação que começou já a atleta tinha 30 anos e com esta a apresentar um contexto familiar mais complexo em termos de gestão, que já havia ditado uma paragem na sua carreira. Desta vez, mesmo com as condicionantes da pandemia, Liliana Cá não só bateu o recorde nacional no lançamento do disco, como se estreou nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Luís Herédio confessou que soube desde o início que desta vez seria diferente: “A Liliana disse-me que ia bater o recorde de Portugal e que estava preparada para olhar as melhores do mundo nos olhos de igual para igual. Isso fez como que soubesse que ia conseguir.”
Mas a pandemia não foi o único desafio da carreira destes atletas e treinadores. Um dos assuntos bastante comentado durante esta conversa foi precisamente o que foi necessário corrigir no treino para que ambos os atletas conseguissem evoluir na direção dos resultados que Luís Herédio e Carlos Tribuna já sabiam que valiam. Aqui, mais uma vez identificam-se semelhanças. Tanto Liliana Cá como Leandro Ramos necessitaram de ajustes no plano de treino, mais facilmente identificados, como evidenciou Carlos Tribuna, porque ambos os treinadores foram e são atletas do mesmo setor. A partilha de experiências com atletas de outros países foi igualmente um fator decisivo para a evolução de Leandro Ramos. “Foi o chamado ver para crer”, disse o treinador.
E como nem só de técnica vive o treino, também o fator psicológico e a nutrição e suplementação foram temas que suscitaram o interesse de uma plateia curiosa e ativa. Neste aspeto, tanto Liliana Cá como Leandro Ramos mudaram os seus hábitos alimentares e, garantiram os treinadores, isso fez toda a diferença.
Antes de terminar esta primeira “Conversa do Centenário”, ainda houve tempo de olhar para o futuro. Carlos Tribuna garantiu que Leandro Ramos “quer bater novamente o recorde nacional e estrear-se nos Jogos Olímpicos”. “Ainda não tinha chegado aos 80 metros e já pensava nos 90, o que levanta também a questão de que o treinador tem de saber gerir expetativas”, concluiu. Já em relação a Liliana Cá, continua a vontade de mostrar que está ao nível das melhores do mundo, depois da experiência nos Jogos Olímpicos, nas quais as condições meteorológicas, nomeadamente a chuva, tiveram impacto na sua prestação, conseguindo, mesmo assim, um brilhante quinto lugar.
A próxima conversa é já no sábado, 30 de outubro, a partir da 15h30, no espaço atmosfera m, na Rua Castilho, em Lisboa, com o tema, a abordar pelos treinadores Carlos Silva e Rui Norte: “Dos confinamentos obrigatórios aos recordes de Portugal de Cátia Azevedo e Lorene Bazolo.”