Os Campeonatos Nacionais de Corta-mato são a competição regular mais antiga do calendário nacional, pois são reconhecidos todos os resultados desde que uma comissão diretiva de Sport Atleticos entendeu “importar” o “cross country”, que tinha enorme popularidade no Reino Unido. Foi há 110 anos que tudo se iniciou.
Assim, com o apoio do Sports Ilustrados, a 8 de maio de 1911, nos terrenos do Campo Grande, realizou-se o 1.º Cross-Country Nacional, que acolheu a participação de oito equipas. Segundo o Sports Ilustrados, na sua edição de 13 de maio, “foi brilhantíssima a primeira corrida do cross-country que se realizou em Portugal, de forma organizada”. Ali se lê também que estava muito calor, o que apesar de tudo não prejudicou os “sportmen”, e já numa fase final de prova, Mathias Carvalho, que seguia na frente, “despistou-se” num obstáculo que tinha um charco e foi “agarrado” pelos benfiquistas Francisco Lázaro e Augusto Fernandes, com o trio a percorrer o resto dos 4800 metros em intensa luta. Lázaro foi o primeiro, seguido por Augusto Fernandes, com o sportinguista Mathias de Carvalho a ser terceiro. Por equipas venceu o Sport Clube Império, seguida da equipa do Sporting Clube de Portugal.
A título de curiosidade diga-se que os prémios foram entregues na segunda-feira, dia 15, numa sala do Ginásio Clube Português, e consistiam em dois troféus para as duas primeiras equipas; com três prémios individuais: um estojo de barbear para o primeiro, uma cigarreira de prata para o segundo e um cinzeiro de cristal para o terceiro.
Estes Campeonatos realizaram-se nos dois anos seguintes, mas a primeira Guerra Mundial ditou a sua primeira paragem, retomando-se depois em 1922 (já organizado pela, na altura, Federação Portugueza de Sports Athleticos).
Conheceu nova interrupção depois de 1923, realizando-se apenas em 1928, e com novo intervalo de um ano, retomou a regularidade em 1930. Depois disso, apenas conheceu nova interrupção em 2020, devido à pandemia.
Os destaques
Em termos individuais, Carlos Lopes, com dez títulos nacionais de corta-mato, é a grande figura, sendo ele o mais titulado dos corredores portugueses, logo seguido por Manuel Dias (8), Fernando Mamede (6), Manuel Faria, Manuel Oliveira, Paulo Guerra e Domingos Castro (estes com cinco títulos). Curiosamente, é Fernando Mamede quem mais vezes esteve no pódio (15), contra 14 de Carlos Lopes e 12 de Domingos Castro.
Coletivamente, o Sporting leva grande vantagem, com 49 títulos (só no crosse longo), contra 22 do Benfica e 11 do Maratona. O Sporting é também o clube com mais presenças nos pódios individuais: nada menos do que 127 (com 51 campeões). O Benfica soma 69 presenças (16 campeões). Nos pódios coletivos [ver Campeonatos de Portugal – clubes], o Sporting esteve um total de 77 vezes (das quais 49 como campeão), contra 70 do Benfica (22 títulos) e 23 do Maratona (11).
No crosse curto, domínio de Rui Silva (9 títulos em 14 anos, em séries de quatro e cinco), individualmente, enquanto o Sporting (8 títulos), domina por equipas.
Já a competição feminina é mais recente, pois a sua participação só foi autorizada em 1967.
Individualmente, Rosa Mota, com oito títulos conquistados entre 1975 e 1985, continua a ser a atleta mais vezes campeã nacional, seguida por Dulce Félix (7), Fernanda Ribeiro (5), Manuela Simões, Aurora Cunha, Conceição Ferreira e Jéssica Augusto (todas com quatro). O Maratona teve um total de 34 atletas no pódio (13 campeãs) contra 27 do SC Braga (9 campeãs) e 22 do Benfica (8 campeãs).
Coletivamente, o Maratona, 20 vezes campeão entre 1993 e 2013, detém larga vantagem sobre o SC Braga, com 10 títulos. O Benfica, primeiro campeão, tem oito títulos, e o Sporting igualou-o no ano passado. O campeão de subidas ao pódio é o SC Braga, com 31, contra 24 do Maratona e do Benfica [ver Campeonatos de Portugal – clubes].
No crosse curto, no qual o Maratona não apostou, o SC Braga tem vantagem: 8 títulos contra 3. E o Sporting já conquistou sete.
A edição desta época de 2021/2022 será transmitida pela RTP 2.